Um novo estudo revelou que gêmeos idênticos têm um padrão específico de marcas no seu DNA que ninguém mais tem, que se forma no início do desenvolvimento e permanece até a idade adulta.
Essas marcas podem ajudar a entender como a geminação idêntica acontece e quais são as possíveis consequências para a saúde dos gêmeos.
O estudo, publicado na revista Nature Genetics, foi conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores liderada pelo Dr. Jeffrey Craig, da Universidade Deakin, na Austrália. Eles analisaram os epigenomas de mais de 3000 gêmeos idênticos, bem como de gêmeos fraternos e alguns pais de gêmeos. O epigenoma é o conjunto de modificações químicas que ocorrem no DNA e que podem afetar a expressão dos genes.
Os pesquisadores encontraram cerca de 800 locais com diferenças na metilação, um tipo de marca epigenética, que diferenciavam os gêmeos idênticos dos demais. Algumas dessas marcas faziam sentido, como as que estavam em genes envolvidos na adesão celular, um processo importante para a formação do embrião.
Segundo o Dr. Craig, essas marcas podem revelar como a geminação idêntica acontece, ou seja, quando um óvulo fertilizado se divide em dois e dá origem a dois indivíduos geneticamente idênticos. “Nós pensamos que essas marcas são uma espécie de cicatriz epigenética da divisão do embrião”, disse ele à BBC News.
Além disso, essas marcas podem levar a um teste para “gêmeos desaparecidos”, um fenômeno em que um gêmeo idêntico morre no útero e o outro sobrevive. Estima-se que isso aconteça em cerca de 10% dos casos de geminação idêntica. O teste consistiria em verificar se há marcas epigenéticas típicas de gêmeos idênticos no sangue do gêmeo sobrevivente.
Outra implicação do estudo é que as marcas epigenéticas dos gêmeos idênticos podem estar relacionadas a alguns distúrbios raros envolvendo alterações epigenéticas, como a síndrome de Beckwith-Wiedemann, que causa crescimento excessivo e risco aumentado de câncer. Os pesquisadores pretendem investigar se há uma ligação entre as marcas dos gêmeos idênticos e essas condições.
O estudo é o primeiro a identificar uma assinatura epigenética específica de gêmeos idênticos e abre novas possibilidades para entender os mecanismos e as consequências da geminação idêntica. O Dr. Craig disse que espera que o estudo também ajude a valorizar a diversidade dos gêmeos idênticos, que muitas vezes são vistos como cópias exatas um do outro. “Nós queremos mostrar que eles são indivíduos únicos, com suas próprias características e personalidades”, afirmou ele.
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