As tensões entre a gigante de telecomunicações Huawei e os Estados Unidos esquentaram nessa quinta-feira (7). O grupo chinês entrou com um processo no Texas contra o governo americano por ter impedido as administrações americanas e empresas que tenham relações com o governo de comprarem equipamentos ou serviços da Huawei, alegando razões de segurança nacional.
A empresa julga ser inconstitucional o artigo da lei americana que coloca a Huawei numa “lista negra”, segundo o grupo chinês, sem nenhum fundamento e denuncia os Estados Unidos de quererem manchar a imagem da companhia.
“O Congresso dos Estados Unidos nunca foi capaz de fornecer qualquer prova para justificar suas restrições aos produtos da Huawei e somos forçados a tomar essa medida como um último recurso”, disse Guo Ping, um dos presidentes em exercício da empresa, em um comunicado.
“Se esta lei for retirada, como deveria, a Huawei poderá trazer para os Estados Unidos tecnologias mais avançadas e ajudar o país a construir as melhores redes 5G”, completou Guo Ping, referindo-se à quinta geração de tecnologia móvel.
Segurança nacional
Os Estados Unidos suspeitam que a Huawei tenha incorporado em seus equipamentos dispositivos com o propósito de espionagem em benefício de Pequim. Washington tem advertido outros países, em particular europeus, de que usar equipamentos de telecomunicações Huawei em futuras redes móveis 5G poderia colocar em risco sua segurança nacional.
Até o momento, a Austrália se posicionou e decidiu excluir a Huawei do mercado de 5G no país. Na França, onde a gigante chinesa atua há 17 anos, uma proposta de lei visando aumentar o controle sobre equipamentos de telecomunicações, independentemente do fabricante, deve ser discutida na Assembleia Nacional, em abril.
A diretora da Huawei diante da justiça
O anúncio da queixa contra os Estados Unidos foi feito depois de a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, que é filha do fundador da empresa, comparecer diante do tribunal de Vancouver, no Canadá, dentro do processo do pedido de extradição movido pelos Estados Unidos, que querem julgá-la por supostas violações de sanções contra o Irã.
O Departamento de Justiça americano acusa a Huawei e sua diretora financeira de driblar sanções americanas contra Teerã e de roubar, através de duas filiais, segredos industriais do grupo de telecomunicações americano T-Mobile. Meng nega as acusações, bem como a companhia.
Presa em 1° de dezembro, a CEO chinesa compareceu rapidamente à corte nesta quarta-feira (6) e não falou com a imprensa.
Aos 47 anos, Meng foi libertada depois de pagar uma fiança de 10 milhões de dólares canadenses (cerca de US$ 6,6 milhões) e entregar seu passaporte em meados de dezembro. Desde então, ela permanece em Vancouver, onde tem duas residências, e deve usar uma tornozeleira eletrônica.
O ministério canadense de Justiça aprovou, na última sexta-feira (1), o processo de extradição dela para os Estados Unidos, despertando a ira da China, que denunciou um “incidente político grave” e pediu para o Canadá liberar Meng Wanzhou.
A decisão final sobre a entrega da executiva para os Estados Unidos recairá sobre o novo ministro da Justiça canadense, David Lametti.