“Uma equipe ganhará, a outra perderá, mas, em qualquer um dos casos, é o esporte que deve vencer. O esporte valoriza noções de respeito, não a violência”, afirmou o ministro.
No último domingo (14), durante as comemorações da classificação da equipe da Argélia para a final da CAN, cenas de vandalismo, depredações e confrontos com a polícia foram registrados em várias cidades francesas. No total, a polícia prendeu 282 torcedores.
Preocupadas com a segurança, as autoridades mobilizaram 2.500 policiais e 300 bombeiros para esta sexta-feira na capital francesa, onde vitrines de lojas receberam proteção extra e qualquer objeto que possa ser utilizado como arma pode ser apreendido.
Já a prefeitura de Nice proibiu qualquer reunião de torcedores nas ruas da cidade. Na maioria das regiões francesas, será impossível comprar e consumir bebidas alcoólicas no espaço público, bem como estourar foguetes.
Discurso antiimigração é renovado
Muito mais do que a preocupação com a segurança, a final da CAN acirra os ânimos da classe política ultraconservadora. Líderes da extrema-direita não hesitam em utilizar as violências para endossar o discurso anti-imigração. Colônia francesa até 1962, a Argélia conta com uma comunidade importante na França, mas a questão da integração continua sendo delicada.
O presidente do partido ultraconservador França de Pé (DLF), Nicolas Dupont-Aignan, declarou nesta sexta-feira que os jovens “que preferem a Argélia” e “não respeitam a França” deveriam “voltar para a Argélia”. “Como todos os franceses, fiquei petrificado ao ver pessoas arrancando nossa bandeira, exibindo a bandeira argelina”, afirmou em entrevista à TV France 2.
“Essas pessoas são completamente francesas ou são francesas apenas no papel? São franceses de coração ou são franceses apenas para receber ajuda social do Estado?”, questionou o prefeito da cidade de Béziers, Roberta Ménard, de extrema-direita. Em entrevista ao canal LCI, ele afirmou que os episódios de violência durante a CAN são “a prova concreta, física, material e visível do fracasso da integração”.
Na última segunda-feira (15), Sébastien Chenu, porta-voz do partido de extrema-direita Reunião Nacional, denunciou um “14 de Julho da vergonha”, já que a classificação da Argélia para a final da CAN, no último domingo, coincidiu com a data da festa nacional da França. “A vitória deles são os nossos pesadelos”, declarou.