O programa espacial Apollo foi aprovado em 1961, e no ano seguinte o seu propósito, o desembarque de um homem na Lua, foi expresso em seu famoso discurso pelo presidente dos EUA, John Kennedy.
Um total de 6 pousos na Lua bem-sucedidos foram realizados pelos EUA. O primeiro homem a pisar na lua foi Neil Armstrong, da expedição Apollo 11 (pousou em 20 de julho de 1969). O último foi Eugene Cernan, que deixou a Lua a 14 de dezembro de 1972.
Mais tarde, a ausência de novos voos lunares levou ao aparecimento da teoria da “conspiração lunar”, cujos seguidores afirmam que todas as evidências do projeto Apollo foram falsificadas pelo governo dos EUA.
Fato inegável
Sergei Gerasiutin, pesquisador do Departamento Científico do Museu da Cosmonáutica de Moscou, disse em entrevista a Sputnik Mundo que a “chegada de Armstrong à Lua em 20 de julho de 1969 é um fato inegável”.
“Não é uma questão de fé, mas de que é um facto científico, tal como o primeiro aeróstato de Montgolfier subiu em 5 de junho de 1783, o primeiro voo do dirigível Giffard em 24 de setembro de 1852 e o primeiro voo do homem ao espaço em 12 de abril de 1961. Estes são fatos inegáveis”, afirmou ele.
Vladislav Shevchenko, um especialista de renome mundial no campo da pesquisa lunar que conheceu Aldrin e Armstrong em pessoa, disse à Sputnik que “como especialista, eu não quero sequer discutir esses assuntos, porque tudo isso é terrivelmente analfabeto”.
Como explicou Shevchenko, as pessoas que rejeitam o pouso na Lua dos norte-americanos, em regra, não são especialistas e não sabem absolutamente nada sobre a missão Apollo.
Orçamentos espaciais
Segundo Shubin, autor de vários livros sobre o programa espacial soviético, 315 mil pessoas participaram da implementação do programa Apollo, e o custo total do programa lunar americano foi de 125 bilhões de dólares americanos a preços atuais.
“Para o programa trabalharam as maiores empresas de construção de aviões dos EUA: Boeing, North American, Gruman e Douglas.
Vários milhares de empresas menores de 47 estados estiveram envolvidas na operação. Também participaram empresas de outros países. Como, por exemplo, a Suécia ou a Suíça”, disse o especialista. Uma evidência histórica do seu trabalho são as memórias destas pessoas, a documentação e as contas financeiras.
Negociações com a Terra
Os teóricos da “conspiração lunar” acreditam que a transmissão do desembarque dos norte-americanos na Lua foi filmada em pavilhões de Hollywood.
No entanto, além das transmissões ao vivo para todo o mundo, especialistas de diferentes países interceptaram informações de telemetria das naves espaciais e escutaram conversas classificadas das tripulações.
Para comunicar com as naves espaciais em diferentes estágios dos voos, os norte-americanos utilizaram 16 postos de comunicação em vários continentes, além de uma frota de cinco navios e oito aviões, disse Shubin.
“Na União Soviética também foi interceptada a telemetria das naves perto da Lua. De acordo com as memórias dos participantes, os relatórios descodificados e traduzidos eram entregues à nossa liderança no mesmo dia. Também se sabe que os radioastrônomos alemães estavam envolvidos em ‘interceptações de rádio’”, disse o historiador.
Entre os que ouviam as “interceptações de rádio” também havia cosmonautas soviéticos, que treinavam para o voo no âmbito da “corrida lunar”. Eles contaram isso por diversas vezes em suas memórias.
Selfies lunares
Os astronautas gravaram as suas ações com uma câmera fotográfica sueca de médio formato profissional Haselbland.
“Se considerarmos a resolução de cada imagem como 16 megapixels, as duas caixas de filmes coloridos trazidos pela nave espacial Apollo 11 continham mais informação que todas as fotos da Lua transmitidas pelas sondas automáticas dos EUA antes disso. As imagens orbitais captadas pelos astronautas só puderam ser repetidas no século XXI através de sondas automáticas. As fotos da superfície da Lua tiradas pelos astronautas continuam a ser as melhores”, disse Shubin.
Além disso, como observou o especialista, foram precisamente as fotos da Apollo 17 que ajudaram os cientistas soviéticos a estabelecer uma rota segura para o Lunokhod-2, já que a URSS não tinha imagens melhores.
As imagens ganharam nova vida no nosso século. Elas são utilizadas para reconstituir a cronometragem das missões e o relevo detalhado das zonas de pouso, para montar panoramas circulares de grande definição e para montar videoclipes.
Luz da Lua
Durante sua estadia na Lua, como disse Shubin, os astronautas deixaram em sua superfície um bloco de dispositivos automáticos para coletar informações científicas e refletores angulares.
O equipamento científico ajudou, por exemplo, a detectar “tremores lunares”, enquanto os refletores ainda hoje são utilizados para fins científicos – para determinar a distância à Lua através da captação por observatórios de um raio laser refletido que é emitido da Terra. Este método permite determinar a distância com uma precisão de centímetros.
Solo lunar
Os americanos trouxeram 382 quilos de solo lunar para a Terra em seus seis voos até a Lua. Para comparação, as estações soviéticas trouxeram mil vezes menos – 326 gramas. Os cientistas dos dois países trocaram amostras.
Ao mesmo tempo, o lado soviético nunca questionou o fato de as amostras americanas serem reais, explicou o especialista.
Arqueologia espacial
Os participantes do programa Apollo não só fotografaram paisagens lunares e recolheram solo lunar, mas também jogaram golfe e realizaram experiências inventadas por crianças em idade escolar.
Os membros da tripulação da Apollo 12 também se tornaram os primeiros e únicos “arqueólogos espaciais” da história. Sua espaçonave pousou ao lado de uma sonda interplanetária americana da série Surveyor 3, lançada em 1967 – dois anos antes da referida missão tripulada.
“Os astronautas foram instruídos para desmontar parte dos instrumentos e retorná-los à Terra. Agora os ‘artefatos’ recuperados da Lua são exibidos no Museu Nacional do Ar e do Espaço em Washington”, disse Shubin.