A inflação brasileira tem sido mais sentida pelas famílias de maior renda, mas os mais pobres também enfrentam dificuldades com o aumento dos preços de alimentos e medicamentos, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, a variação acumulada em 12 meses até setembro foi de 10,25%, a maior desde fevereiro de 2016. No entanto, esse índice não reflete a realidade de todos os grupos sociais.
O Ipea calcula mensalmente o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, que mostra como a variação de preços afeta as diferentes camadas da população. O indicador considera seis faixas de renda familiar, desde aquelas com rendimento domiciliar menor que R$ 1.650,50 (renda muito baixa) até aquelas com rendimento domiciliar acima de R$ 16.509,66 (renda alta).
Segundo o estudo divulgado nesta terça-feira (19), a inflação das famílias de renda alta foi de 11,3% nos 12 meses encerrados em setembro, enquanto a das famílias de renda muito baixa foi de 9%. A principal diferença entre os grupos está na composição da cesta de consumo.
As famílias mais ricas gastam proporcionalmente mais com itens que tiveram forte alta nos últimos meses, como energia elétrica (21%), gasolina (31%), passagens aéreas (35%) e planos de saúde (8%). Já as famílias mais pobres destinam uma parcela maior da renda para alimentos (19%) e medicamentos (4%), que também subiram acima da média do IPCA.
O Ipea destaca que os alimentos têm um peso maior na inflação dos mais pobres porque eles consomem mais produtos in natura e semielaborados, como arroz, feijão, carnes, leite e ovos, que sofreram pressão de custos e demanda. Já os mais ricos consomem mais alimentos fora do domicílio e produtos industrializados, que tiveram reajustes menores.
Além disso, os medicamentos também pesaram mais no bolso dos mais pobres, principalmente por causa do aumento dos preços dos remédios para doenças respiratórias e cardiovasculares. O Ipea ressalta que esses grupos são mais vulneráveis à pandemia de Covid-19 e dependem mais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para os próximos meses, o Ipea prevê que a inflação continue sendo maior para as famílias de maior renda, em função do cenário de escassez hídrica, que encarece a energia elétrica, e da valorização do dólar, que afeta os preços dos combustíveis e dos bens industriais.
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