Para atrair e manter estudantes, o ensino superior privado brasileiro deve investir em qualidade. Em busca de experiências que possam ser replicadas no Brasil, reitores e representantes de instituições brasileiras percorrem institutos e escolas na Índia e em Singapura desde o início do mês. Participante da missão brasileira, o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, afirma que é possível perceber as inovações durante as visitas. O Semesp é a entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil.
“Hoje o mundo vive um momento de revolução no modelo de aprendizagem, tanto no ensino básico quanto no superior. Cada instituição, cada centro de pesquisa, está estudando, implementando metodologias novas e a gente consegue ver isso.”
Na avaliação dele, a busca por melhorias na qualidade deve ser um norte para as instituições, além de trazer reflexos práticos para a vida do estudante.
“A qualidade da instituição faz toda a diferença. Porque assim, os estudantes vão conseguir emprego, vão conseguir ascender profissionalmente, vão conseguir, inclusive, se tiverem financiado os estudos, pagar por esse financiamento”, diz.
Confira um trecho da entrevista concedida por Rodrigo Capelato:
Desafios
Em entrevista à Agência Brasil, Capelato destacou que um dos principais desafios do ensino superior brasileiro é encontrar formas de financiamento para os estudantes.
“O grande desafio hoje é que não há quase nenhum tipo de apoio, de financiamento estudantil para o aluno”, diz.
O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que chegou a financiar em 2014 mais de 730 mil contratos, oferece hoje 100 mil vagas na modalidade juro zero, voltado para estudantes de baixa renda.
“Esse é um desafio do setor privado, como continuar atraindo alunos, aumentando a base de alunos no ensino superior brasileiro e, depois, como conseguir manter esse aluno se no meio do caminho ele tem algum problema familiar, se tem um problema de desemprego”.
O estudo Evasão e Migração no Ensino Superior Brasileiro, apresentado pelo Semesp, no final de abril, mostra que, atualmente, as instituições de ensino superior, públicas e privadas, perdem anualmente 25,9% dos jovens que ingressam nos cursos presenciais. Nas instituições privadas, essa taxa é maior, 28,5% – nas públicas é 18,6%. Na modalidade a distância, 34,3% dos ingressantes deixam o curso ainda no primeiro ano.
O estudo mostra ainda que o valor da mensalidade não é o principal fator para a evasão. Entre os cursos mais caros, o percentual de evasão foi menor que entre os mais baratos. “O aluno, na hora de escolher, pensa na qualidade, busca uma instituição que tenha vocação e que tenha relacionamento com o mercado de trabalho. Uma das características que têm as instituições com baixa evasão é que elas se preocupam com os alunos, se engajam com os alunos”.
O diretor executivo do Semesp fala sobre a evasão no ensino superior no Brasil e na Índia:
* A repórter viajou a convite do Semesp