Segundo o governo iraniano, uma nova “reunião extraordinária” será realizada em 28 de julho, em Viena, entre os países signatários do pacto (Alemanha, China, França, Grã-Bretanha, Irã e Rússia).
De acordo com o porta-voz da diplomacia iraniana, o vice-ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, está a caminho da França, onde deve entregar uma mensagem escrita do presidente iraniano, Hassan Rohani, ao chefe de Estado francês, Emmanuel Macron.
Macron e Rohani falaram várias vezes por telefone nas últimas semanas. Emmanuel Bonne, conselheiro diplomático do presidente francês, se encontrou com Rohani em 9 de julho, como parte de uma visita à Teerã para tentar aliviar a tensão.
Guardião da segurança e da liberdade
“Ao longo da história, o Irã foi o principal guardião da segurança e da liberdade de navegação no Golfo Pérsico, no Estreito de Ormuz e no Mar de Omã, e continuará a sê-lo”, declarou o presidente iraniano Hassan Rohani, através de um comunicado.
As declarações foram divulgadas após uma reunião entre Rohani e o primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, na segunda-feira (23).
“Os problemas na região precisam ser resolvidos através do diálogo, negociação e cooperação entre […] os países da região”, reiterou o presidente iraniano.
Tensão no Golfo
Região estratégica para o tráfego global de petróleo, o Golfo atravessa um novo período de turbulência, desta vez ligado à exacerbação das tensões entre Teerã e Washington, desde a retirada unilateral americana do acordo nuclear internacional de 2015.
Além disso, desde maio, sabotagens e ataques a navios no Golfo – atribuídos pelos Estados Unidos a Teerã – além da destruição de um drône americano pelo Irã – aumentaram ainda mais a pressão.
Com o confisco, na última sexta-feira (19) pelo Irã do Stena Impero, um petroleiro sueco de bandeira britânica, quinze dias após a apreensão de um petroleiro iraniano pelas autoridades britânicas em Gibraltar, a crise se complicou. A Grã-Bretanha é, de fato, um dos três Estados europeus do acordo nuclear de Viena.
Através deste acordo, Teerã se comprometeu a jamais adquirir armas atômicas, concordou em restringir seu programa nuclear e passar por um rigoroso regime de inspeção. Em troca, obteve uma redução das sanções internacionais, que só durou um determinado período.
Desde agosto de 2018, os Estados Unidos voltaram a restabelecer as medidas. A política de “pressão máxima” de Washington mergulhou a economia iraniana em uma recessão violenta e privou o país dos benefícios econômicos esperados do pacto.
Resposta de Teerã
Em resposta à decisão americana de deixar o acordo e para pressionar os europeus a tomar medidas concretas, o Irã também começou a abandonar alguns de seus compromissos. Até então, Teerã respeitava seus compromissos, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O governo iraniano ameaça dar mais um passo no início de setembro se suas exigências não forem atendidas. Mas os países europeus signatários continuam a pedir que o Irã “respeite integralmente” o acordo.
Na segunda-feira (22), o ministro britânico das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, anunciou que deseja criar “o mais rápido possível” uma missão de proteção marítima liderada pela Europa na região do Golfo. Mas insistiu que essa medida “não faz parte da política dos Estados Unidos de pressão máxima sobre o Irã, porque continuamos determinados a preservar o acordo nuclear”.