A AIEA informou que o Irã havia ultrapassado o limite total de estocagem de urânio pouco enriquecido em 300 quilos acima do que estava previsto no acordo de Viena. A verificação foi feita no dia 1° de julho. “Consideramos nosso direito fazer isso no âmbito do JCPOA (sigla para o Plano de Ação Global Comum, nome oficial do Acordo Internacional Nuclear, concluído em Viena em 2015)”, declarou Zarif. Uma autoridade iraniana havia indicado, na sexta-feira (28), que o país estava a 2,8 kg abaixo do limite de 300 quilos.
Teerã também ameaça retomar, a partir de 7 de julho, as atividades de enriquecimento de urânio a uma porcentagem maior do que o máximo estabelecido (3,67%). O Irã também avalia a possibilidade de retomar seu projeto de construção de um reator de água pesada em Arak, no centro do país, caso os demais países que participam do acordo (Alemanha, China, França, Grã-Bretanha e Rússia) não ajudem a contornar as sanções americanas.
O anúncio desta segunda acontece em um contexto de tensões com o governo americano. A crise piorou em 20 de junho, depois que o Irã derrubou um drone dos Estados Unidos. Segundo Teerã, o aparelho estava no espaço aéreo iraniano, o que Washington nega. Concluído em julho de 2015, em Viena, o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano está em perigo desde a saída dos Estados Unidos, em 2018.
Por meio do Acordo de Viena, o Irã prometeu não tentar construir a bomba atômica e concordou em reduzir drasticamente seu programa nuclear em troca da suspensão das sanções internacionais que sufocam sua economia. As sanções dos Estados Unidos buscam, porém, isolar o Irã quase completamente do sistema financeiro internacional e fazê-lo perder seus compradores de petróleo.
Progressos “insuficientes”, segundo o Irã
Depois de uma reunião de crise na sexta-feira em Viena, o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse que “progressos” haviam sido feitos para ajudar o país, mas os considerou “insuficientes”. No final da reunião, a União Europeia anunciou que o Instex, o mecanismo projetado por Berlim, Londres e Paris para ajudar o Irã a contornar as sanções, estava finalmente “operacional” e que as primeiras transações estavam em andamento.
Zarif estimou, contudo, que o Instex não responde “às exigências” de Teerã “nem às obrigações” que cabiam aos europeus. “Para que o Instex seja útil para o Irã, é necessário que os europeus comprem petróleo iraniano”, alegou Araghchi na sexta-feira.”O Instex é apenas o começo (da execução dos) compromissos (europeus) e, no momento, ainda não foi totalmente iniciado”, acrescentou Zarif nesta segunda.