A placa, com a inscrição Okjökull (“Geleira OK” em islandês) será instalada no oeste da ilha, segundo divulgação feita nesta segunda-feira (22) por pesquisadores islandeses da Universidade Rice, nos Estados Unidos, que lideram o projeto. “É o primeiro monumento erguido em homenagem a uma geleira extinta por causa das mudanças climáticas no mundo”, afirmou a professora de antropologia Cymene Howe em um comunicado.
“Ao marcarmos a morte de ‘OK’, esperamos chamar a atenção do que perdemos à medida em que as geleiras da Terra desaparecem”, reiterou a antropóloga. A placa, que recebeu o título “Uma carta para o futuro”, escrito com letras de ouro em islandês e inglês, busca sensibilizar a população diante do declínio do meio ambiente e dos efeitos do aquecimento global.
“Todas nossas geleiras terão o mesmo destino nos próximos 200 anos. Esse monumento é um testamento de que sabemos o que está acontecendo e o que precisamos fazer. Somente vocês podem dizer se conseguimos ou não”, diz o texto, destinado às gerações futuras. A placa também faz referência ao nível recorde de concentração de dióxido de carbono registrado na atmosfera em maio de 2019.
Geleiras são grandes reservas de água doce
A Okjökull perdeu o título de geleira em 2014. Foi a primeira vez que isso ocorria na ilha. O gelo que cobria 16km2 de superfície em 1890 chegou à faixa de 0,7 km2 em 2012, segundo um relatório da Universidade da Islândia em 2017.
O geólogo Oddur Sigurdsson explicou à AFP que “uma geleira precisa ter uma massa de gelo e neve grossa o suficiente para ser superior a seu próprio peso”, isto é, entre 40 e 50 metros de espessura. A Islândia tem a maior calota polar da Europa, que dá nome ao parque nacional de Vatnajökull, inscrito no patrimônio mundial da UNESCO em julho.
Mais da metade de lugares considerados patrimônios mundiais podem perder suas geleiras até 2100 se as emissões de gases de efeito estufa continuarem no ritmo atual, de acordo com um estudo da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), publicado em abril. “Essas massas de gelo são as maiores reservas de água doce do planeta”, alerta Cymene Howe.