Você já imaginou como era a cirurgia antes da descoberta dos germes?
Era uma prática arriscada, dolorosa e muitas vezes fatal. Os cirurgiões não usavam luvas, máscaras ou aventais, e os instrumentos eram sujos de sangue e pus. As feridas ficavam infectadas, e os pacientes morriam de gangrena, septicemia ou tétano. A taxa de mortalidade era de cerca de 50% nas operações mais simples, e de até 80% nas mais complexas.
Foi nesse cenário que surgiu Joseph Lister, um médico, cirurgião e pesquisador britânico, que mudou para sempre a história da medicina. Ele foi o primeiro a aplicar o conceito de antissepsia nas cirurgias, ou seja, a prevenção das infecções usando substâncias que matam ou inibem os germes. Ele se baseou nos estudos de Louis Pasteur, que provou que os microrganismos eram os causadores das doenças infecciosas.
Lister começou a usar o ácido carbólico (fenol) para esterilizar os instrumentos e as feridas. Ele também inventou um aparelho que borrifava uma névoa de ácido carbólico no ar durante as operações, para evitar a contaminação pelo ar. Ele ainda introduziu o uso da catgut, uma sutura absorvível, que evitava a formação de abscessos.
Com essas inovações, Lister reduziu drasticamente a taxa de mortalidade dos pacientes operados. Em um hospital de Glasgow, na Escócia, onde ele trabalhou, a taxa caiu de 45% para 15% em quatro anos. Em outro hospital de Londres, onde ele se tornou professor, a taxa caiu de 35% para 5% em seis anos.
Lister publicou seus resultados em revistas médicas e deu palestras para divulgar seu método anti-séptico. Ele enfrentou resistência e críticas de alguns colegas, que não acreditavam na teoria dos germes ou que achavam que o ácido carbólico era prejudicial. Mas ele também ganhou admiradores e seguidores, que espalharam sua técnica pelo mundo.
Lister foi reconhecido como um dos maiores médicos de todos os tempos, e recebeu diversos prêmios e honrarias. Ele foi nomeado barão Lister em 1897, e se tornou o primeiro cirurgião a integrar a nobreza britânica. Ele morreu em 1912, aos 84 anos, deixando um legado de milhões de vidas salvas pela cirurgia anti-séptica.