O experimento, chamado de Cimento Espacial, foi realizado por adolescentes paulistas e teve como objetivo descobrir como o cimento reagiria no espaço e qual seria o efeito da radiação no material, em um ambiente de microgravidade. Os autores do estudo são alunos do nono ano do Colégio Dante Aligheri, em São Paulo: Laura D’Amaro, Otto Gerbakka, Guilherme Funck e Sofia Avila. O outro jovem cientista é Natan Cardoso, da primeira série do ensino fundamental da escola Anglo Morumbi.
Os jovens descobriram que o processo de cristalização era maior na Terra do que no espaço e não há consenso na comunidade científica sobre as consequências disso. Os efeitos da radiação ainda estão sendo analisados. “Ficamos bem animados porque foi um resultado importante. É algo inédito que conseguimos fazer”, diz Laura. A experiência fez com que o interesse da jovem pela Ciência aumentasse. “Quero muito continuar a trabalhar com espaço e continuar com esse tipo de pesquisa”, disse.
“Não existe um consenso sobre se a cristalização menor é algo positivo ou negativo, o que é muito legal, pois leva a mais pesquisas. Como a ideia é no futuro que a gente consiga habitar outros planetas ou conhecer um pouco mais o universo, as construções são muito importantes, pois a natureza física das coisas fora da Terra é muito diferente daquela dentro da Terra”, diz Tiago Bodê, professor de Ciências da natureza e Biologia do colégio Dante.
Nasa lançou experiência no espaço em 2018
O experimento foi lançado no espaço pela Nasa (agência aeroespacial americana) em junho de 2018, em um foguete da SpaceX, empresa de Elon Musk. O cimento foi misturado com água e plástico reciclado – o plástico verde feito de cana-de-açúcar brasileira foi usado para diminuir a passagem de radiação, que pode causar câncer em astronautas – para depois averiguar o processo de endurecimento do material no espaço.
Na Estação Espacial, um astronauta da Nasa retirou a presilha que separava o cimento da água e do plástico verde, chacoalhando e, a seguir, deixando o tubo em repouso. O mesmo foi feito na Terra, com um tubo usado como controle. Em agosto do ano passado, o experimento espacial voltou à Terra para ser comparado com o tubo para controle. Os resultados foram analisados pelos jovens cientistas em parceria com o acelerador de partículas da Unicamp e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP (IPT).
Apesar de ser de enorme importância para a colonização de outros planetas e, mais especificamente, Marte, ainda há poucos estudos sobre o comportamento do cimento em um ambiente de microgravidade. O experimento dos estudantes brasileiros deve servir como referência para muitos futuros projetos espaciais.