A produção de veículos no Brasil vem enfrentando dificuldades para se recuperar da crise causada pela pandemia de covid-19. Além dos problemas de abastecimento de peças e componentes, como os semicondutores, o setor também sofre com a alta dos juros e dos preços dos automóveis.
Um dos fatores que explicam esse desempenho é o aumento das taxas de financiamento, que tornam o crédito mais caro e menos acessível para os compradores de veículos.
Os juros não são o único obstáculo para a compra de um carro novo. Os preços dos veículos também dispararam nos últimos anos, por conta da desvalorização do real frente ao dólar, do aumento dos custos de produção e da menor concorrência no mercado.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, os preços dos automóveis novos subiram 28,6% em 12 meses até outubro, enquanto os usados aumentaram 42%. Isso significa que um carro que custava R$ 50 mil no ano passado hoje custa cerca de R$ 64 mil se for novo e R$ 71 mil se for usado.
Com isso, muitos consumidores estão adiando ou desistindo da compra de um carro novo, optando por manter o seu atual ou buscar alternativas de transporte. Essa redução da demanda também impacta a produção das montadoras, que precisam ajustar o ritmo das fábricas à realidade do mercado.
O principal elemento que tem dificultado a retomada nas vendas e na produção, na avaliação da Anfavea, é a alta da taxa de juros. Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
Para os especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a retomada da produção automotiva depende da melhora do cenário econômico, com maior controle da pandemia e da inflação, e da recuperação do poder de compra e da confiança dos consumidores. Além disso, é preciso resolver os gargalos logísticos que afetam o fornecimento de insumos e peças para as montadoras.
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