A Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference (BBEST) 2020 foi lançada no dia 13 de junho, em cerimônia na sede da FAPESP.
Em sua quarta edição, a conferência científica internacional, criada por iniciativa do Programa FAPESP de Pesquisa em Bionergia (BIOEN), ocorrerá de 30 de março a 1º de abril de 2020, em São Paulo.
A conferência reunirá pesquisadores, estudantes e lideranças dos setores público e privado do Brasil e do exterior para discutir os principais avanços científicos e tecnológicos em bioenergia. O tema do encontro será inovação.
“O setor de bioenergia tem passado por uma série de transformações. A inteligência artificial tem sido aplicada na produção de cana-de-açúcar e a indústria 4.0 ou manufatura avançada, junto com a biologia sintética, está começando a entrar no radar da área. Essas tendências serão abordadas na BBEST 2020”, disse Glaucia Mendes Souza, professora do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do BIOEN.
Durante a conferência também serão apresentados os mais recentes resultados de pesquisas apoiadas pelo BIOEN. Lançado em 2009, o programa já mobilizou US$ 200 milhões para o financiamento de pesquisas realizadas por mais de 400 pesquisadores e 500 bolsistas ligados a universidades e instituições de pesquisa, em 230 projetos.
Os projetos contaram com a participação de 15 empresas de grande porte, várias agências nacionais e internacionais e colaborações científicas com 31 países. O programa também já apoiou 169 pequenas empresas de base tecnológica, com excelentes perspectivas de crescimento.
“O BIOEN foi criado com o objetivo de incentivar e aumentar a quantidade de pesquisadores no Estado de São Paulo envolvidos com temas relacionados à bioenergia. Esse setor é muito importante para o Estado de São Paulo, onde se produz metade do etanol que sai das usinas no Brasil, com maior produtividade, em geral, do que em outras regiões do país”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
“O programa atingiu esse objetivo, tem trazido muitos resultados e contribuído para que a pesquisa e os cientistas no Estado de São Paulo tenham participação efetiva na agenda mundial sobre bioenergia”, avaliou.
A programação científica do evento abordará questões relativas às matérias-primas – como agronomia, melhoramento genético e biotecnologia de plantas energéticas –, além de tecnologias de processamento de biomassa e produção de biocombustíveis.
Outros temas discutidos na conferência serão biorrefinarias, motores e outros dispositivos de conversão de biocombustíveis para uso na aviação, no setor de transporte marítimo e de cargas, sustentabilidade e impactos ambientais e socioeconômicos da bioenergia. Esses temas são abrangidos pelos projetos apoiados pelo BIOEN.
“A BBEST é uma vitrine dos resultados das pesquisas apoiadas pelo BIOEN”, disse Souza. “Já conseguimos desenvolver variedades de cana transgênicas, que estão em teste em campo, conseguimos sequenciar o genoma da cana e temos programas de melhoramento usando tecnologias avançadas, baseadas em estatística e genética”, afirmou.
Em 30 de março de 2020, no primeiro dia da conferência, haverá um “Policy Day”, ocasião em que autoridades do governo estadual e federal e lideranças na área de bioenergia do Brasil e do exterior discutirão políticas públicas sobre o tema. Nos dias 31 de março e 1º de abril serão realizadas sessões plenárias e paralelas e de apresentação de pôsteres. Paralelamente à parte científica do evento, a conferência contará com apresentações de startups.
Durante a BBEST 2020 também será realizada a reunião do comitê executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Os pesquisadores integrantes do BIOEN coordenam a participação brasileira em uma das forças-tarefa da entidade, sobre comercialização de biocombustíveis convencionais e avançados, e participam da força-tarefa sobre sustentabilidade e impactos da bioenergia.
“Estamos vivendo uma grande transição na geografia da energia. Até 2000, 40% da energia global era usada pelos Estados Unidos, Canadá e Europa e 20% por países da Ásia. De 2000 para 2017 isso se inverteu, e o principal consumidor de energia passou a ser a Ásia, incluindo, principalmente, a China e a Índia”, disse Luiz Augusto Horta Nogueira, pesquisador associado do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade Estadual de Campinas (Nipe-Unicamp).
“Isso tem impulsionado uma transição energética mundial em direção a fontes alternativas de produção de energia mais limpas, como a proveniente da bioenergia. Essa discussão será aprofundada na BBEST 2020”, afirmou Horta, que é presidente da conferência, junto com Souza.
A última edição da BBEST reuniu 385 participantes, de 14 países, entre pesquisadores, estudantes e profissionais de empresas. Durante o encontro foram apresentados mais de 230 projetos de pesquisa em bioenergia.
“A BBEST representa uma excelente oportunidade de conexão de empresas do setor de bioenergia com a área acadêmica e uma agência que financia pesquisas na área”, disse Luis Fernando Cassinelli, membro da coordenação da área de pesquisa para inovação da FAPESP e do BIOEN.
Mais informações sobre a BBEST 2020: www.bbest.org.br.
Elton Alisson | Agência FAPESP