A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, lutava para se manter no cargo nesta quinta-feira (23), apesar do fracasso da última manobra para tentar concretizar a desfiliação britânica da União Europeia (UE), ofuscando uma eleição europeia que deve mostrar um país rachado quanto ao rompimento com o bloco.
A saída de May aprofundaria a crise do Brexit, já que é provável que um novo líder queira uma separação mais decisiva da UE, o que aumenta as chances de um confronto com o bloco e de uma nova eleição nacional que poderia abrir caminho a um governo socialista.
Em uma situação tão incerta, a quinta maior economia do mundo enfrenta uma variedade de opções, como uma saída ordeira com um acordo, uma saída sem acordo, uma eleição nacional ou um segundo referendo que poderia acabar revertendo a decisão de 2016 de deixar a UE.
May, que conquistou o cargo em meio ao tumulto que se seguiu ao referendo de 2016 sobre a filiação ao bloco, fracassou várias vezes em obter a aprovação do Parlamento ao acordo de saída que apresentou como uma maneira de sanar as divisões do Brexit na nação.
Mas sua última aposta, que consistiu em propor um segundo referendo e arranjos comerciais mais estreitos com a UE, provocou revolta em alguns ministros pró-Brexit, e agora ela está sendo pressionada a marcar a data de sua saída.
A líder da Câmara dos Comuns, Andrea Leadsom, renunciou, dizendo sentir que a abordagem de May não concretizará o Brexit. A rede BBC disse que mais ministros podem seguir o exemplo.
“May deve sair após fiasco do Brexit”, disse a manchete do jornal The Sun, e o The Times disse: “May se prepara para partir após motim de gabinete”.
O secretário das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, disse que May ainda será a premiê quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegar para uma visita de Estado no dia 3 de junho.
Embora o país continue profundamente dividido quanto ao Brexit, a maioria das pessoas concorda que ele definirá o futuro do Reino Unido por várias gerações.
Os britânicos pró-europeus temem que o Brexit mine a posição de Londres como uma das duas maiores capitais financeiras do mundo e enfraqueça o Ocidente no momento em que este passa apertos com a presidência imprevisível de Trump e com a assertividade crescente da Rússia e da China.
O favorito das casas de apostas para suceder May é Boris Johnson, o garoto-propaganda da campanha oficial de separação da UE, que disse querer um rompimento mais decisivo com o bloco. Ainda existe mais de uma dúzia de possíveis candidatos.
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Edição: Valéria Aguiar