Segundo pesquisadores, o crânio fossilizado, encontrado no final dos anos 1970 em uma caverna localizada no sudeste da Grécia e armazenado em um museu, pertencia a uma pessoa com características anatomicamente modernas, que viveu aproximadamente há 210.000 anos.
Caso seja confirmado, esse seria o primeiro exemplar de Homo sapiens descoberto fora do continente africano.
A data também precede 160.000 anos de idade de qualquer fóssil de Homo sapiens encontrado anteriormente na Europa, informa o jornal The Washington Post.
No entanto, a informação publicada pela revista Nature foi recebida com cautela por alguns paleoantropólogos, já que as hipóteses sobre a pré-história humana podem emergir de um maxilar ou até mesmo de um dedo, porém, os fósseis são raros e difíceis de datar, além de na maioria das vezes serem fragmentados.
No momento, o novo estudo está concentrado nos restos danificados de dois crânios, o Apidima 1 e o Apidima 2, encontrados próximos um do outro em uma fenda.
Para realizar os estudos, pesquisadores utilizaram técnicas de laboratório que analisaram a desintegração radioativa dos vestígios de urânio nos espécimes, concluindo, assim, que os indivíduos surgiram de épocas diferentes.
Os humanos podem ter chegado à Europa há 210.000 anos. Vista da parte de trás do crânio Apidima 1 (à esquerda), parte superior (centro) e inferior (à direita). Representados em uma escala de 5 cm.
Os testes indicaram que o Apidima 1 possui aproximadamente 210.000 anos, enquanto que o Apidima 2 possui aproximadamente 170.000 anos.
Após a surpreendente descoberta, os pesquisadores utilizaram diversos métodos para descobrir como teriam sido os crânios antes de serem quebrados e distorcidos através dos séculos.
Feitas as análises, os pesquisadores descobriram que o APidima 2 se parece com um neandertal, que foram os primeiros humanos dominantes na Europa nesse período da pré-história. Já o Apidima 1, assemelha-se com um Homo sapiens primitivo e aparentemente não pertence aos neandertais, cita o portal Science Alert.
A descoberta sugere que os primeiros humanos modernos tiveram contato com os neandertais, que foram extintos há aproximadamente 40.000 anos, logo depois que um grupo de humanos modernos (chamados de Cro-Magnons) chegou à Eurásia ocidental.
Apesar de a descoberta gerar discordâncias no meio científico, inclusive dividindo as opiniões sobre os crânios e suas origens, o coautor da revista Nature, Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, reconheceu que este é uma “nova descoberta desafiadora”.
“Não temos o osso frontal, testa, rosto, dentes ou queixo, quaisquer das partes que poderiam ter sido menos ‘modernas’ em sua forma”, disse Chris Stringer.
Entretanto, ele aproveitou para ressaltar que a equipe tentou reconstruir de diversas maneiras os crânios, e que os fósseis certamente apresentam características do Homo sapiens.