O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, comandou hoje (23), em Pequim, a quinta reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), ao lado do vice-presidente do país asiático, Wang Qishan. O grupo não se reunia desde 2015. A visita ao país é a principal tentativa de aproximação desde o início do governo Jair Bolsonaro. O presidente da República, Jair Bolsonaro, deve visitar a China no segundo semestre.
“Tanto o vice-presidente Qishan quanto eu concordamos que a Cosban tem que ser a instância solucionadora de todas as questões que envolvem Brasil e China, até para dar uma organização e método nesse nosso relacionamento”, afirmou Mourão a jornalistas após a reunião. O vice-presidente disse que o governo brasileiro incluiu, entre as agendas prioritárias, um reforço para que a China autorize plantas frigoríficars brasileiras a exportarem carne para o país, a abertura do mercado local para a venda de aviões da Embraer e também uma permissão para que autoridades chineses deem aval para a exportação de sementes geneticamente modificadas, como as usadas para a produção e a venda de açúcar.
“As principais questões, que é a verificação das nossas plantas frigoríficas, a questão das aeronaves da Embraer, a questão das sementes geneticamente modificadas, elas foram apresentadas”, disse Mourão. Segundo ele, a maior parte do entraves estão relacionados a problemas burocráticos entre os países que podem se resolver com boa comunicação. Cada uma das partes, segundo ele, deve atuar agora para remover os obstáculos e avançar na agenda bilateral definida a partir da reunião da Cosban.
Hamilton Mourão voltou a citar a necessidade de diversificar as exportações brasileiras com produtos de maior valor agregado e citou o exemplo da soja, exportada em larga escala para o país asiático.
“Se nós colocamos soja em estado puro, ela vem com a tarifa praticamente zero. Se eu coloco óleo de soja, ela vem com barreira tarifária. É isso que nós temos que discutir”, disse.
O vice-presidente evitou comentar a guerra comercial travada entre China e Estados Unidos, com sanções aplicadas de parte a parte, mas disse que o Brasil tem que se manter “flexível” nesse cenário, para aproveitar eventuais oportunidades de negócio.
“Essa situação que nós estamos vivendo, a polarização entre China e Estados Unidos, o Brasil tem que ser pragmático e flexível. Temos que aproveitar o melhor disso aí”, afirmou. Amanhã (24), Mourão será recebido, na capital chinesa, pelo presidente do país Xi Jinping.
Maior parceiro
A China é, desde 2009, o principal parceiro comercial do Brasil. A corrente de comércio bilateral alcançou, em 2018, US$ 98,9 bilhões (exportações de US$ 64,2 bilhões e importações de US$ 34,7 bilhões). O comércio bilateral caracteriza-se por expressivo superávit brasileiro, mantido há nove anos, e que, em 2018, atingiu recorde histórico de US$ 29,5 bilhões.
Além da visita do presidente Jair Bolsonaro à China, no segundo semestre, o presidente chinês Xi Jinping virá ao Brasil para participar da 11ª Cúpula do Brics, grupo de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que ocorrerá nos dias 13 e 14 de novembro, em Brasília.
Edição: Denise Griesinger