O jornal Le Figaro cita as mulheres como as principais vítimas. Elas são 121, contra 28 homens. Os resultados são de um estudo feito pela chamada “delegação das vítimas”, que reúne, desde 2005, policiais e agentes especializados. “O documento mostra uma radiografia singular de um flagelo desconhecido”, diz o diário.
Le Figaro fala em “assassinatos cometidos na intimidade e longe de olhares, com fundo de álcool ou drogas na metade dos casos, frequentemente com apoio de uma arma, no caso dos homens”. Em 54,6% dos casos, as autoridades constataram “a presença de pelo menos uma substância (álcool, droga, medicamento psicotrópico) capaz de alterar o discernimento dos envolvidos no momento do drama”, segundo o relatório.
Vítimas colaterais incluem crianças
O número de mortes aumenta para 180 se forem consideradas as vítimas “colaterais”, explica Figaro, citando 21 crianças e dez pessoas próximas – sendo que cinco eram consideradas como rivais.
Já Aujourd’hui en France (Hoje na França) dá ênfase à alta incidência – um terço dos casos – de pessoas de mais de 60 anos nesses crimes. O jornal cita um homem de mais de 80 anos que asfixiou a mulher que sofria de Alzheimer. Ou um outro, de 71 anos, que matou a esposa, gravemente doente, a tiros, antes de se suicidar.
Le Figaro cita conclusões da polícia francesa: “o autor masculino é, com maior frequência, casado, francês, com idade entre 30 a 49 anos. Ele comete o crime em casa, sem premeditar, principalmente com uma arma branca ou uma arma de fogo”. As causas principais são as brigas e a recusa de separação.
Mulheres mais velhas também matam
As mulheres que matam os companheiros são mais velhas, elas têm de 60 a 69 anos, e utilizam armas brancas ou improvisadas, com vários casos de estrangulamento, defenestração ou ainda envenenamento. “Cada vez mais mulheres de mais de 60 anos nos procuram”, relata uma militante da ONG Solidariedade Mulheres, entrevistada por Aujourdhui en France. “Elas denunciam cada vez mais violências sofridas durante 20, 30 ou até 40 anos”, acrescenta.
Le Figaro relata que, para combater a tendência, as autoridades montaram uma parceria entre policiais, 70 psicólogos, 160 associações, 264 brigadas e 1.740 especialistas. Os funcionários recebem cursos especiais e um portal de luta contra violência sexual e sexista na Internet já contabiliza mais de 3.500 chats, desde novembro.