Um grupo de 20 teólogas rompeu o cânone e criou um texto provocador da Bíblia. As mulheres foram reunidas pela sufragista norte-americana Elizabeth Cady Stanton em 1895 para reescrever o conjunto de livros canônicos para cristãos e judeus.
“Une bible des femmes” (Uma bíblia das mulheres), livro publicado recentemente pela editora suíça Labor et Fides, possui comentários das mulheres sobre o livro sagrado, resultando em uma espécie de reescrito da Bíblia do século XXI em 287 páginas.
A l'heure du mouvement #MeToo, lassées de voir la Bible utilisée pour légitimer une "soumission des femmes", des théologiennes francophones publient "Une Bible des femmes"https://t.co/2Uf9ydijg7 pic.twitter.com/vk9HacbSBO
— TERRIENNES (@TERRIENNESTV5) November 27, 2018
Na época do movimento #MeToo, cansadas de ver a Bíblia sendo usada para legitimar uma “submissão de mulheres”, teólogas francófonas publicam “Uma Bíblia das mulheres”
A obra reúne os pensamentos de 20 teólogas francófonas, protestantes e católicas, da Europa, Ásia e Quebec, no Canadá, que representam o ponto de vista de Maria, mãe de Jesus, através de temas sobre corpo, sedução, subordinação e maternidade.
“Aproveitando as descobertas dos estudos bíblicos e graças ao feminismo crítico, as autoras desenvolvem uma dúzia de temas relacionados a mulheres e evidenciam que os textos bíblicos podem ser lidos com nova ousadia”, escreve a apresentação da publicação, dirigida pelas professoras Elisabeth Parmentier, Pierrette Daviau e Lauriane Savoy.
A ideia é “mostrar que os valores feministas não são incompatíveis com a Bíblia” e que há interpretações tendenciosas e parciais, assinalou Lauriane Savoy.
Para exemplificar, a professora cita Maria Madalena. “Ela fica com Jesus até mesmo quando ele morre na cruz, diferentemente de todos os discípulos masculinos que estavam com medo, ela é a primeira a ir ao sepulcro e a descobrir a ressurreição […] É uma personagem fundamental mesmo ainda sendo descrita como uma prostituta aos pés de Jesus, e talvez até mesmo amante de Jesus na ficção recente”, relatou Savoy ao jornal Le Monde.
Por Sputnik Brasil.