Com informações de Daniel Vallot, correspondente da RFI em Moscou
A oposição convocou o protesto depois que as autoridades invalidaram o registro de dezenas de candidatos para as eleições parlamentares na cidade de Moscou, marcada para setembro. Todos que pudessem representar uma ameaça para o partido do presidente Vladimir Putin foram excluídos.
Segundo a ONG White Counter, especializada no cálculo de manifestantes, pelo menos 21.500 pessoas participaram do ato. “É sem dúvida o maior protesto da oposição nos últimos anos”, disse o opositor anticorrupção do Kremlin e blogueiro Alexei Navalni, presente no comício com seus aliados. Aos 43 anos, ele já havia sido impedido de disputar a eleição presidencial de 2018 e faz parte dos que tiveram sua candidatura vetada esta semana para o pleito municipal.
“O cúmulo do desprezo”
“Essa manifestação é importante pois os moradores de Moscou mostraram que não aceitam serem tratados como cidadãos de segunda categoria. O que nós vivemos é o cúmulo do desprezo por parte dos que estão no poder. Tradicionalmente, as autoridades falsificam as eleições, mas agora eles decidiram antes mesmo quem não pode se candidatar”, disse Navalni em entrevista à RFI.
Segundo ele, os políticos no poder temem os candidatos da oposição, por isso preferiram excluí-los do pleito. “O poder tem medo que seus próprios candidatos sejam impopulares e percam tudo”, insistiu o opositor.
Navalni disse ainda que pretende manter a pressão e pediu às autoridades que registrem todos os candidatos antes do próximo sábado. “Se eles não aceitarem, nós vamos manifestar diante da prefeitura de Moscou”, ameaçou.
Nos últimos meses, vários candidatos perderam as eleições regionais em benefício dos comunistas e nacionalistas, enquanto o partido no poder, o Rússia Unida, do presidente Vladimir Putin, registrou seus piores resultados durante uma década. A oposição aproveita esse contexto de queda de popularidade do chefe de Estado, mas também de queda dos salários e estagnação econômica, para se mobilizar.
Os moscovitas são chamados a votar nas eleições regionais e locais em 8 de setembro para renovar o mandato de cinco anos dos 45 deputados do Parlamento local, encarregado de validar as decisões do prefeito Sergey Sobianine, da Rússia Unida, partido de Putin.