Pesquisadores do sistema de saúde Mass General Brigham, nos Estados Unidos, desenvolveram uma ferramenta de inteligência artificial (IA) para ajudar os médicos a identificar casos de COVID longa a partir de registros médicos eletrônicos.
Essa condição, também conhecida como PASC (Sequelas Pós-Agudas da infecção por SARS-CoV-2), inclui sintomas que podem durar meses após a infecção inicial pelo coronavírus, como cansaço, tosse crônica e dificuldade de concentração. Esses sintomas, no entanto, nem sempre são fáceis de diagnosticar, pois podem se confundir com os de outras doenças.
Com essa nova ferramenta de IA, os médicos podem ter uma ajuda extra para identificar a COVID longa de forma mais clara e precisa.
Como Funciona a Ferramenta de IA?
Em vez de procurar apenas por um código específico de diagnóstico, o algoritmo de IA criado pelos pesquisadores usa uma técnica chamada “fenotipagem de precisão”. Esse método analisa todos os detalhes do histórico médico do paciente, buscando identificar sintomas e condições relacionados à COVID-19 e monitorando esses sintomas ao longo do tempo. Isso permite que o sistema diferencie sintomas que poderiam ter outras causas, como uma falta de ar provocada por asma, de sintomas realmente associados à COVID longa.
Por exemplo, se um paciente sente cansaço contínuo após a infecção por COVID-19, a IA analisa o histórico desse paciente para garantir que esse cansaço não seja um efeito de outra condição pré-existente, como problemas no coração. Só depois de esgotar todas as outras explicações possíveis, a ferramenta considera que o paciente pode ter COVID longa.
Resultados e Impacto
Os testes iniciais com a ferramenta mostraram que ela identificou mais casos de COVID longa do que os métodos tradicionais. Enquanto outras pesquisas estimam que cerca de 7% das pessoas que tiveram COVID sofrem com COVID longa, a nova IA indica que esse número pode ser bem maior — cerca de 22,8%. Isso mostra que a COVID longa pode estar mais presente na população do que se imaginava.
Além disso, essa ferramenta conseguiu identificar casos de COVID longa em uma amostra mais representativa da população. Métodos tradicionais, como o uso do código de diagnóstico específico para COVID prolongada, tendem a incluir mais pessoas que têm fácil acesso ao sistema de saúde. A nova IA foi mais inclusiva, identificando a COVID longa também em pessoas de comunidades marginalizadas.
Limitações e Possibilidades Futuras
Embora promissora, essa ferramenta tem algumas limitações. A IA usa registros médicos eletrônicos, que podem não conter informações detalhadas sobre todos os sintomas do paciente. Além disso, a ferramenta pode não reconhecer casos em que uma condição já existente tenha se agravado após a COVID-19.
Para o futuro, os pesquisadores pretendem usar e testar a ferramenta em outras regiões e em pacientes com diferentes condições de saúde, como diabetes. Eles também planejam compartilhar o algoritmo com outros médicos e sistemas de saúde ao redor do mundo, o que pode ajudar mais pacientes a receberem um diagnóstico mais preciso e um tratamento adequado para a COVID longa.
Esse avanço pode ser um grande passo para melhorar o atendimento clínico e abrir caminho para novas pesquisas sobre as causas e características da COVID longa.