Você já imaginou como seria viver em uma lua que tem um oceano global sob sua crosta gelada? Essa é a realidade de Encélado, uma das luas de Saturno, que surpreendeu os cientistas com sua atividade geológica extraordinária.
Encélado é um dos alvos mais interessantes da missão Cassini, que orbitou Saturno de 2004 a 2017. Cassini descobriu que Encélado lança jatos gigantescos de vapor de água e partículas geladas, incluindo compostos orgânicos simples, de fraturas quentes perto de seu polo sul. Esses jatos são provenientes do oceano subterrâneo, que interage quimicamente com as rochas do fundo do mar em um processo chamado atividade hidrotermal.
Mas de onde vem a energia para manter esse oceano aquecido e ativo por tanto tempo? Essa é uma questão que intrigava os cientistas há uma década, mas agora um novo estudo publicado na revista Nature Astronomy pode ter encontrado a resposta.
O estudo, liderado por Gaël Choblet da Universidade de Nantes na França, usou um modelo tridimensional para simular como o núcleo rochoso de Encélado poderia gerar calor por meio do atrito entre as rochas. O modelo mostrou que se o núcleo for altamente poroso, com 20 a 30% de espaço vazio, ele poderia produzir calor suficiente para sustentar a atividade hidrotermal por bilhões de anos.
O modelo também explicou como a água do oceano pode penetrar profundamente no núcleo, aquecer-se e subir, levando consigo minerais dissolvidos das rochas. Essa água quente e rica em minerais sai do fundo do mar e viaja para cima, afinando a camada de gelo de Encélado até apenas meio quilômetro a 5 quilômetros no polo sul. E essa mesma água é então expelida para o espaço através das fraturas no gelo.
O estudo é o primeiro a explicar várias características-chave de Encélado observadas por Cassini: o oceano global, o aquecimento interno, o gelo mais fino no polo sul e a atividade hidrotermal. Ele não explica, no entanto, por que os polos norte e sul são tão diferentes. Ao contrário da paisagem torturada e geologicamente recente do sul, os extremos norte de Encélado são fortemente craterizados e antigos.
Os autores sugerem que se a camada de gelo fosse um pouco mais fina no sul desde o início, isso levaria a um aquecimento descontrolado ali ao longo do tempo.
Os pesquisadores estimam que, ao longo do tempo (entre 25 e 250 milhões de anos), todo o volume do oceano de Encélado passa pelo núcleo da lua. Isso equivale a uma quantidade de água igual a dois por cento do volume dos oceanos da Terra.
Encélado é um exemplo fascinante de como mundos distantes podem abrigar condições favoráveis à vida, mesmo em ambientes extremos. Quem sabe que outras surpresas nos aguardam no sistema solar?
Fonte: Link.
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