Treze países da América do Sul, da América Central e do Caribe confirmaram presença nesta segunda (3) e na terça-feira (4) em uma cúpula para discutir a crise migratória venezuelana. Inicialmente prevista para 17 e 18 de setembro, a reunião foi adiantada apesar do anúncio de uma diminuição do fluxo de migrantes.
Com informações de Eric Samson, correspondente da RFI em Quito
A iniciativa partiu do Equador e deve contar com a presença da Argentina, da Bolívia, do Brasil, da Colômbia, da Costa Rica, do Chile, do México, do Panamá, do Paraguay, da República Dominicana, do Peru e do Uruguai. Os países serão representados por funcionários das áreas da imigração e da diplomacia.
Até o domingo (1), a Venezuela ainda não havia confirmado sua participação no evento. O problema, a despeito do desinteresse do presidente venezuelano em discuti-lo, está longe de ser resolvido: de janeiro até agosto, mais de 614.000 migrantes atravessaram a fronteira equatoriana. 520.000 continuaram até o Peru e mais 116.000 permaneceram no Equador.
Entre as propostas a serem debatidas, estão a eliminação de restrições ou a unificação de medidas com relação ao trânsito dos venezuelanos, além da constituição de um fundo comum presidido pela Organização das Nações Unidas (ONU). “É indispensável que cada país assuma sua responsabilidade”, afirmou o vice-ministro equatoriano da Mobilidade Humana, Santiago Chavez.
“Migrantes estão muito vulneráveis”
“Vai ser muito importante tentarmos fazer propostas para trazer uma solução à situação dos centenas de milhares de venezuelanos”, afirmou Andrés Teran, vice-ministro equatoriano das Relações Estrangeiras. “Os migrantes são muito vulneráveis ao tráfico de pessoas, à exploração profissional, à violência, aos abusos sexuais, ao recrutamento para atividades ilegais, à discriminação e à xenofobia.”
Para o ministro equatoriano das Relações Estrangeiras, José Valencia, a crise deve ser resolvida no nível regional. Nestor Popoliziu, ministro peruano das Relações Estrangeiras, afirmou que a migração venezuelana é um “exôdo massivo produzido pela ditadura do governo de Maduro”.
No fim de agosto, os migrantes venezuelanos eram menos de 1.200 a atravessar a fronteira entre a Colômbia e o Equador, distante das 5.000 pessoas registradas todos os dias no começo do mês. Cerca de 2,3 milhões de venezuelanos vivem no exterior e 1,6 milhão migrou a partir de 2015.
A Colômbia, o Peru e o Equador são os principais países a receberem migrantes da Venezuela, que também vão a outras nações sul-americanas, como o Brasil. Caracas qualificou de “montagem hollywoodiana” as cenas de milhares de venezuelanos caminhando pelas ruas, acompanhadas de crianças e de poucos bens.