A maior mudança para o Brasil nesta Copa do Mundo de 2018 não está no campo, no campo de treinamento, ou no vestiário. Está na ficha da equipe.
Pela primeira vez desde 1974, o Brasil chegou a uma Copa do Mundo sem um jogador mais conhecido por seu apelido do que por seu nome.
Os jogadores brasileiros costumam usar apenas um nome, mas apesar de todos soarem exóticos para os ouvidos estrangeiros, há uma grande diferença entre aqueles que usam seus nomes e os mais conhecidos pelos apelidos.
Não há um super-herói (Hulk) ou um membro dos sete anões (Dunga).
Em seu lugar estão Fred, Douglas e Marcelo, nomes que não seriam incomuns em uma empresa de Londres.
A lenta morte do apelido brasileiro é uma consequência de um futebol mais corporativo e menos irreverente, disse Márvio dos Anjos, editor de esportes do jornal O Globo.
Desde tenra idade, os jogadores agora pretendem buscar criar sua própria marca. Eles aprenderam que esse processo é mais difícil se você ficar conhecido por uma parte do seu corpo (como o lateral-esquerdo da Copa de 1950 Bigode), uma nacionalidade (o meia Alemão) ou por sua cor (como o lateral do tetra em 1994, Branco).
“Agentes e diretores de clubes de futebol impedem os jogadores de usar apelidos”, afirma Márvio. “Se o seu nome é Hulk, então você será pintado de verdepara se parecer com o seu nome. É uma maneira de neutralizar qualquer ironia ou folclore e fazê-los parecer mais sérios.”
Se a seriedade tivesse sido um fator no passado, a história do futebol brasileiro seria muito diferente.
Em vez de Pelé, um nome sem sentido adotado quando criança pelo futuro craque do Santos, os livros de recordes seriam preenchidos com a lenda de Edson Arantes do Nascimento. Garrincha, que recebeu o nome de um dos pássaros que ele tanto amava, seria conhecido como Manuel dos Santos. E em vez de cantar o nome de Zico no Maracanã, um dos seus mais ilustres sucessores, a torcida iria gritar Arthur Antunes Coimbra. Por Sputnik Brasil.