O glaucoma é uma doença ocular que pode levar à cegueira se não for tratada. A doença afeta o nervo óptico, que é responsável por transmitir as imagens captadas pela retina para o cérebro.
A principal causa do glaucoma é o aumento da pressão dentro do olho, que pode danificar as células nervosas da retina chamadas de células ganglionares da retina (CGRs). Essas células são essenciais para a visão, pois elas convertem a luz em sinais elétricos que são enviados ao cérebro. Uma vez perdidas, as CGRs não podem ser regeneradas naturalmente, e a visão perdida não pode ser recuperada com nenhum tratamento atual.
No entanto, uma nova pesquisa realizada por uma equipe multidisciplinar liderada por cientistas do Schepens Eye Research Institute of Mass Eye and Ear, nos Estados Unidos, apresenta uma promissora nova estratégia de terapia celular para o glaucoma. Os pesquisadores conseguiram transformar células-tronco do sangue em CGRs que foram capazes de migrar e sobreviver na retina do olho. As células-tronco são células que têm a capacidade de se diferenciar em vários tipos de células especializadas, como as CGRs. Os pesquisadores alteraram o ambiente no olho de uma forma que possibilitou a obtenção de células-tronco do sangue e a sua diferenciação em CGRs. Eles realizaram seu estudo na retina de camundongos adultos, mas as implicações do trabalho poderiam um dia ser aplicadas à retina humana.
Para que as células-tronco diferenciadas em CGRs pudessem chegar ao seu destino correto na retina, os pesquisadores utilizaram uma abordagem inovadora baseada no uso de moléculas sinalizadoras conhecidas como quimiocinas. As quimiocinas são substâncias que atraem ou repelem as células para determinados locais do corpo. Os pesquisadores examinaram centenas de quimiocinas e receptores para encontrar 12 únicas para as CGRs. Eles descobriram que uma quimiocina chamada fator derivado do estroma 1 foi a melhor para guiar as células doadoras para as posições corretas dentro da retina. Com esse método, os pesquisadores conseguiram aumentar significativamente a taxa de sucesso do transplante de células-tronco para a retina.
“Este método de usar quimiocinas para guiar o movimento e a integração das células doadoras representa uma abordagem promissora para restaurar a visão em pacientes com glaucoma”, disse o autor sênior do estudo, Petr Baranov, MD, PhD, em um comunicado à imprensa. O glaucoma é uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo, afetando cerca de 95 milhões de pessoas. A terapia celular poderia oferecer uma nova esperança para esses pacientes, que atualmente dependem de medicamentos ou cirurgias para controlar a pressão intraocular e retardar a progressão da doença. No entanto, ainda são necessários mais estudos para avaliar a segurança e a eficácia da terapia celular em humanos, bem como os possíveis efeitos colaterais e complicações.
O estudo foi publicado em 6 de novembro na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. O trabalho contou com a colaboração de pesquisadores de outras instituições, como a Harvard Medical School, o Massachusetts Institute of Technology, a University of California San Diego, entre outras. O projeto foi financiado por diversas agências de fomento, como o National Eye Institute, o National Institute of Neurological Disorders and Stroke, o National Institute of Biomedical Imaging and Bioengineering, entre outras.
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