Muitas pessoas acreditam em coisas que não podem ser explicadas pela ciência ou pela razão, como fantasmas, deuses, anjos, demônios, milagres, magia, destino, etc.
Essas crenças fazem parte do que chamamos de sobrenatural, ou seja, aquilo que está além do natural ou do normal. Mas por que as pessoas acreditam no sobrenatural? Quais são os fatores que influenciam essa crença?
O cérebro e o sentido
Uma das possíveis explicações para a crença no sobrenatural é que o cérebro humano é uma máquina de reconhecimento de padrões, que busca sentido e ordem em um mundo caótico e complexo. Às vezes, esses padrões são reais, mas na maioria dos casos são fruto da imaginação. A crença no sobrenatural seria uma forma de preencher as lacunas do conhecimento e de lidar com o medo e a incerteza.
Por exemplo, quando vemos uma forma estranha em uma nuvem ou em uma mancha na parede, podemos imaginar que se trata de um rosto, um animal ou um símbolo. Isso é chamado de pareidolia, um fenômeno psicológico que faz com que percebamos imagens ou sons que não existem na realidade. A pareidolia pode levar as pessoas a acreditarem que estão vendo aparições, mensagens ou sinais sobrenaturais.
Outro exemplo é quando atribuímos causalidade a eventos aleatórios ou coincidentes. Isso é chamado de viés de confirmação, um fenômeno psicológico que faz com que procuremos e aceitemos apenas as informações que confirmam as nossas crenças ou expectativas. O viés de confirmação pode levar as pessoas a acreditarem que estão vivendo milagres, profecias ou intervenções sobrenaturais.
A sociedade e a cultura
Outra explicação para a crença no sobrenatural é que ela é influenciada por fatores sociais, como a educação, a tradição, a mídia e a autoridade. As pessoas tendem a seguir o que a maioria acredita, ou o que lhes é ensinado desde cedo, ou o que lhes é apresentado como verdadeiro por fontes confiáveis. A crença no sobrenatural seria uma forma de pertencer a um grupo e de compartilhar valores e experiências.
Por exemplo, quando nascemos em uma família ou em uma comunidade que segue uma determinada religião ou crença, tendemos a adotar essa visão de mundo como nossa. Isso é chamado de socialização primária, um processo pelo qual aprendemos os valores e as normas da sociedade em que vivemos. A socialização primária pode levar as pessoas a acreditarem no sobrenatural como parte da sua identidade e da sua cultura.
Outro exemplo é quando somos expostos a informações ou relatos sobre o sobrenatural por meio da mídia ou de outras pessoas. Isso é chamado de socialização secundária, um processo pelo qual aprendemos novos valores e normas da sociedade em que vivemos. A socialização secundária pode levar as pessoas a acreditarem no sobrenatural como parte da sua curiosidade e da sua informação.
O conhecimento e a realidade
Uma terceira hipótese para a crença no sobrenatural é que ela é resultado de uma limitação do conhecimento humano, que não consegue abarcar toda a complexidade e diversidade da realidade. As pessoas recorrem ao sobrenatural quando não têm acesso ou não compreendem as explicações racionais ou científicas para um fenômeno ou assunto. A crença no sobrenatural seria uma forma de simplificar e reduzir a realidade a algo mais familiar e compreensível.
Por exemplo, quando nos deparamos com algo que foge do nosso entendimento ou da nossa experiência, podemos recorrer à fé ou à intuição para explicá-lo. Isso é chamado de heurística, um método mental rápido e prático para resolver problemas ou tomar decisões. A heurística pode levar as pessoas a acreditarem no sobrenatural como parte da sua crença ou da sua opinião.
Outro exemplo é quando nos confrontamos com algo que desafia o nosso senso comum ou a nossa lógica, podemos recorrer à imaginação ou à criatividade para interpretá-lo. Isso é chamado de pensamento divergente, um tipo de pensamento que gera ideias originais e inovadoras. O pensamento divergente pode levar as pessoas a acreditarem no sobrenatural como parte da sua fantasia ou da sua arte.
A percepção e a experiência
Uma quarta possibilidade para a crença no sobrenatural é que ela é provocada por estímulos sensoriais ou mentais que geram alucinações ou ilusões. As pessoas podem ver, ouvir ou sentir coisas que não existem, mas que parecem reais, por causa de alterações no cérebro, no ambiente ou na percepção. A crença no sobrenatural seria uma forma de interpretar e dar sentido a essas experiências anormais.
Por exemplo, quando sofremos de algum distúrbio psicológico ou neurológico, podemos ter visões ou vozes que nos assustam ou nos confortam. Isso é chamado de alucinação, uma percepção falsa que não corresponde à realidade. A alucinação pode levar as pessoas a acreditarem que estão em contato com o sobrenatural como parte da sua doença ou da sua cura.
Outro exemplo é quando estamos sob efeito de alguma droga ou substância, podemos ter sensações ou emoções que nos excitam ou nos relaxam. Isso é chamado de ilusão, uma interpretação errada da realidade. A ilusão pode levar as pessoas a acreditarem que estão vivendo o sobrenatural como parte do seu prazer ou do seu vício.
Existem várias explicações possíveis para a crença no sobrenatural, mas nenhuma delas é definitiva ou exclusiva. A crença no sobrenatural é um fenômeno complexo e multifacetado, que envolve aspectos psicológicos, culturais e históricos da humanidade. O importante é ter um pensamento crítico e questionador, e buscar evidências e argumentos para sustentar as próprias crenças.