Rod Pyle, autor de numerosos livros sobre a história da exploração espacial, afirma que, do ponto de vista da tecnologia em geral, se pode enviar pessoas a Marte há décadas, mas que não tem havido vontade política e apoio financeiro.
Entretanto, Rod Pyle disse à Sputnik que “o principal problema parece ser que as pessoas serão expostas à gravidade zero e à radiação cósmica por um longo tempo”.
O primeiro na Lua
O último livro de Pyle, “First on the Moon” (O Primeiro na Lua), é dedicado à missão Apollo 11, cuja tripulação, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin, foi a primeira a visitar a superfície do satélite natural da Terra em 20 de julho de 1969.
“Tivemos sorte de em 1960-1970, quando as missões Apollo estavam decorrendo, não haver grandes emissões de radiação solar. Mas pode haver e, se quisermos levar pessoas de e para Marte por muitos meses, precisamos de melhorar a proteção dos membros dessas missões”, disse ele.
Impactos perigosos
O especialista recordou que, como resultado da ausência de gravidade, ainda que a curto prazo, há mudanças na visão, tecido ósseo, até mesmo na estrutura genética da tripulação.
“Há também problemas relativamente a mudanças no cérebro, incluindo uma diminuição da função cognitiva. Ninguém quer astronautas a tentar aterrar em Marte com a mente perturbada”, brinca Pyle.
Ele observou que vários aspetos dos efeitos do espaço sobre o corpo humano já estão sendo estudados na ISS, e eles também serão analisados na futura estação orbital chinesa e no projeto da NASA Lunar Gateway, perto da Lua.
Novas tecnologias de voo?
Em geral, de acordo com Pyle, “as tecnologias de voos espaciais não são assim tão diferentes hoje da missão Apollo 11 como se poderia pensar.
“Por exemplo, ainda usamos foguetes portadores de combustível químico para alcançar nossos destinos, mas as tecnologias de apoio – computadores, software e infraestrutura comercial – avançaram inacreditavelmente “, admite o especialista.
Necessidade de cooperação
“Além disso, temos agora várias empresas em diversos países que estão desenvolvendo, e no caso dos EUA, que já usam foguetes reutilizáveis a preços significativamente mais baixos”, observa Pyle comentando a diferença entre “hoje” e “há 50 anos” e enfatizando a necessidade de cooperação entre países e atores públicos e privados no setor espacial.
“Temos muito que fazer, mas interagindo e trabalhando juntos no espaço, poderemos chegar mais rápido, mais barato e com menos riscos onde queremos, para trabalhar e viver em outros mundos”, disse o especialista.