É muito comum chegar a Páscoa e nos depararmos com os preços altíssimos dos ovos. Nesse momento, muitos pensam: como um ovo pode custar mais do que uma barra de chocolate, que é feita com a mesma matéria prima e, às vezes, possui até o mesmo peso?
A resposta nem é tão simples, mas é só uma: é culpa da super produção.
Um feriado como esse, que costuma alavancar a economia, exige muita gente envolvida para produção, armazenamento deslocamento e vendas. Assim, as pessoas envolvidas no processo de preparo de um ovo de Páscoa são bem diferentes das responsáveis pela produção das barras de chocolate.
Durante o período que antecede a Páscoa são geradas uma série de vagas temporárias. No geral, as indústrias iniciam a produção entre agosto e setembro do ano anterior, segundo Ubiracy Fonseca, presidente da ABICAB (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados).
E ao contrário do que muitos acreditam, as pessoas que são responsáveis pelas barras de chocolate, não são deslocadas para a produção de ovos. Tanto que, sempre é possível encontrar nossos queridos chocolates nas prateleiras dos supermercados.
Para se ter uma ideia, nesta temporada de 2017-2018, as indústrias brasileiras contrataram 23 mil empregados temporários. “Eles são muito necessários nas indústrias, já que a concepção do produto é completamente diferente. A barra de chocolate é feita de forma quase totalmente mecanizada, enquanto o ovo de Páscoa é em grande parte manual, principalmente na parte da embalagem, do laço. Mas a mão-de-obra temporária também está presente na logística e nos pontos de venda”, afirma Fonseca.
Além de toda essa mão-de-obra há um cuidado enorme para armazenar esses ovos em lugares frescos, já que eles ficam prontos durante o verão e precisam ser guardados em uma temperatura de 18ºC e em até 50% de umidade. O que gera mais custos.
E, por fim, tem a questão da distribuição dos ovos. São necessários de três a quatro caminhões para transportar o mesmo peso de ovos de Páscoa que um caminhão leva em barras de chocolate, segundo o presidente da ABICAB. Afinal, as barras podem ser empilhadas sem quebrar, mas os ovos não e precisam chegar inteiros ao consumidor final.
Tirando tudo isso, as marcas que querem inovar com um brinquedinho surpresa ainda precisam providenciar a aprovação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). E as embalagens que são estampadas com personagens custam mais caro, porque as indústrias precisam pagar royalties pelo uso.