Localizado em Mineo, na Sicília, o centro de acolhimento foi instalado em 2011 numa antiga base militar americana. O local teve um pico de população em julho de 2014, com mais de 4.100 integrantes. Com a chegada de Salvini ao Ministério do Interior, em junho de 2018, a quantidade de migrantes diminiu para 2.500.
“Promessa mantida!”, comemorou o homem forte do governo italiano uma semana antes, quando as últimas pessoas foram transferidas do centro para uma outra estrutura de acolhimento de migrantes na Calábria.
Centro polêmico
O centro de Mineo foi alvo de inúmeras polêmicas, entre a superpopulação e a oposição de muitos moradores locais. Para muitos habitantes da cidade de cinco mil pessoas, abrigar quatro mil migrantes, de 85 nacionalidades, não era bem visto. Em janeiro, a polícia desmantelou uma célula mafiosa nigeriana que se instalou no centro, que promovia o tráfico de cocaína, maconha, além de uma rede de prostituição.
Além da preocupação com a criminalidade, a instalação do centro foi alvo de ciúmes da população local mais carente. Os migrantes também foram criticados por prejudicarem o mercado dos trabalhadores temporários durante a colheita de laranja na Sicília, já que os estrangeiros se dispõem a trabalhar sem serem registrados por apenas € 10 ou € 20 por dia.
Por outro lado, o centro empregava cerca de 400 pessoas. O prefeito de Mineo, Giuseppe Mistretta, ameaça renunciar caso o Estado não ajude a cidade a realizar uma transição. Cerca de 50 ex-empregados e sindicalistas realizaram um protesto nesta terça-feira, durante a chegada de Salvini ao local.
Bloqueio dos salvamentos no mar
Depois de fechar o centro de Mineo, Salvini deve se dedicar a outra questão que julga prioritária: o cerco às Ongs que socorrem migrantes com navios no Mar Mediterrâneo e atracam na Itália. Na segunda-feira (8), o ministro convocou em regime de urgência o Comitê Nacional para a Ordem e a Segurança para discutir medidas que reforcem a proibição que embarcações humanitárias ancorem nos portos italianos, como aconteceu com o “Sea Watch 3” há algumas semanas.
Em parceria com o Ministério da Defesa, Salvini prevê a utilização de navios da marinha militar para bloquear as embarcações de migrantes antes que eles cheguem às águas territoriais italianas. O ministro também quer o reforço da polícia nos portos do país, especialmente em Lampedusa.
Além disso, o governo italiano pretende utilizar radares e aviões para interceptar navios autônomos no momento em que partem da Líbia. O objetivo é advertir a tempo os policiais líbios para que intervenham antes de essas embarcações de migrantes chegarem às águas territoriais italianas.