Timmermans, que é atualmente vice-presidente da Comissão Europeia, é candidato da bancada social-democrata, mas ainda não tem a aprovação do chamado grupo de Visegrado, formado pela Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia. Esses países não o consideram “um candidato de compromisso”, mas uma personalidade que gera muita discórdia e “que não entende a Europa Central”, afirmou o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki.
O holandês ficou bastante conhecido durante as discussões com a Polônia e a Hungria devido as alegadas violações ao Estado de Direito nestes dois países. Na sua mira estão os procedimentos de infração abertos pela Comissão Europeia contra Varsóvia e Budapeste, especialmente pelo repúdio no respeitar às cotas de distribuição de refugiados e, no caso da Polônia, o processo aberto por sua controversa reforma judicial.
Estes dois países não podem sozinhos bloquear a nomeação de Timmermans. No entanto, em conjunto com outros Estados-membros, poderiam comprometer sua nomeação, que precisa de pelo menos 21 dos 28 mandatários.
Acordo de Osaka
No domingo (30), as esperanças se concentravam no chamado “acordo de Osaka”, fechado na cidade japonesa entre os líderes da França, Alemanha, Holanda e Espanha. Mas os mandatários do Partido Popular Europeu (PPE, direita) – primeira força das últimas eleições europeias, rejeitaram o pacto antes mesmo do início da cúpula.
Na busca por um desbloqueio, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, chegou a perguntar a cada dirigente sobre uma eventual candidatura do irlandês Leo Varadkar, da búlgara Kristalina Georgieva ou do francês Michel Barnier – todos do PPE – para presidir a Comissão, segundo fontes diplomáticas.
Mas o socialista espanhol Pedro Sánchez aumentou a pressão, assegurando que os liberais também apoiam o holandês e que seria irresponsável não alcançar um pacto o quanto antes.
Dez dias depois de fracassar em uma nova tentativa de conseguir um consenso em torno de seu nome, a designação do atual vice-presidente da Comissão Europeia aparecia como uma opção para desbloquear o restante dos altos cargos e evitar uma eventual crise institucional com o Parlamento Europeu. Mas a situação é mais complexa na prática.
Além da presidência do executivo do bloco, estão em jogo as presidências do Conselho Europeu, do Banco Central Europeu e do Parlamento Europeu, assim como o novo Alto Representante para a Política Externa do bloco.