A escolha de um representante da bancada social-democrata – a segunda maior da casa-, para a presidência do Parlamento Europeu era esperada. David Sassoli eurodeputado desde 2009 e vice-presidente da Câmara desde 2014, nascido em 30 de maio de 1956 em Florença, recebeu o apoio de 345 parlamentares na segunda votação. Ele superou a alemã ecologista Ska Keller (119), o conservador eurocético tcheco Jan Zahradil (160) e a espanhola Sira Rego (esquerda radical, 43).
O novo presidente é considerado uma pessoa tranquila. Ele estudou Ciências Políticas e iniciou a carreira de jornalista na década de 1980 como colaborador de pequenos jornais e agências de notícias. Em 1992 foi contratado pela rede estatal de rádio e televisão RAI, onde se tornou um rosto conhecido para milhões de italianos. Sassoli na política em 2009, quando o ex-prefeito de Roma Walter Veltroni organizou a fusão dos dois maiores partidos de esquerda e centro, o que criou o Partido Democrático (PD) italiano.
Ele irá suceder a um outro italiano, Antonio Tajani, mas que era representante do conservador Partido Popular Europeu (PPE). Sua eleição garante à Itália um dos mais importantes cargos da União Europeia, mas o país perde representatividade. No executivo atual, a Itália tinha, além da presidência do Parlamento, o comando do Banco Central Europeu, com Mario Draghi, e a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Moeda de troca
O PPE manteve nas últimas eleições legislativas de maio a maior bancada no Parlamento, com 182 cadeiras, mas não apresentou um candidato para o cargo, em função do acordo sobre os altos cargos do bloco, anunciado na terça-feira (2). Com a indicação da alemã Ursula Von der Leyen, do PPE, para a presidência da Comissão Europeia, coube aos social-democratas o comando do Parlamento.
Tradicionalmente, os social-democratas e o PPE dividem os altos cargos, mas as eleições europeias fragmentaram as bancadas que agora precisam dos liberais ou dos verdes para obter maioria na casa. A inclusão dos liberais, agora o terceiro maior grupo com 108 cadeiras, complicou a discussão para a indicação dos novos dirigentes do bloco. Os liberais ficaram com a presidência do Conselho Europeu, atribuída ao belga Charles Michel.
Apesar da escolha de um social-democrata para presidir a casa e de um nome do partido para comandar a diplomacia do bloco, o espanhol Josep Borrell, a líder da bancada do grupo, Iratxe García, criticou um plano “decepcionante” de divisão dos cargos. Sua irritação se concentra no fato de que os governantes não escolheram para a Comissão de Bruxelas nenhum dos candidatos que lideraram os grupos políticos durante as eleições em maio, uma exigência do Parlamento anterior.
“A presidência da Eurocâmara não deve ser uma ‘moeda de troca’ na negociação dos postos de responsabilidade europeus”, lamentou a ecologista Keller, durante o discurso em que defendeu sua candidatura.
O nome do búlgaro social-democrata Serguei Stanishev chegou a ser mencionado como um possível presidente do Parlamento Europeu, para dar um alto cargo a um país do leste europeu, mas no fim todos os nomes escolhidos são da Europa ocidental ou central.
Eurocéticos
Sassoli, que presidirá a Câmara na primeira metade do mandato legislativo de cinco anos, enfrentará um Parlamento com maior presença de eurocéticos e a eventual saída, em outubro, dos eurodeputados britânicos.
No dia 15 de julho, os eurodeputados devem aprovar a nomeação para a presidência da Comissão Europeia de Ursula Von der Leyen. O novo executivo do bloco toma posse em primeiro de novembro.