Recentemente, cientistas chineses criaram um “sol artificial”, cuja temperatura supera a da nossa estrela. O reator experimental de fusão nuclear chinês (EAST, sigla em inglês), alcançou mais de 100 milhões de graus centígrados no plasma do núcleo.
Trata-se de um importante passo na direção da criação do Reator Experimental Internacional Termonuclear (ITER).
Há mais de meio século que os pesquisadores pensam na utilização da fusão termonuclear, por se tratar potencialmente de uma tecnologia revolucionária que permitirá obter energia até da água. Além disso, a síntese termonuclear é muito mais segura que a energia nuclear.
A tecnologia ainda está em desenvolvimento: por enquanto, nenhum país do mundo conseguiu produzir a fusão termonuclear controlada para obter energia à estala industrial.
Em entrevista à Sputnik China, Song Yuntao, vice-diretor do EAST, explicou como os resultados do experimento dos cientistas chineses afetarão o desenvolvimento da fusão termonuclear no mundo.
O cientista frisou que no âmbito do projeto EAST os pesquisadores têm lidado com fenômenos extremos, como temperaturas superelevadas, de 100 milhões de graus, e superbaixas, de 269 graus negativos, além de um campo magnético superpotente, entre outros.
Ele apontou que no momento, no quadro do projeto, os cientistas estão desenvolvendo 68 tecnologias-chave, tendo criado muitas inovações que vêm preenchendo vazios na ciência nacional, além de possuirem grandes perspectivas de uso prático.
“O EAST ajuda a criar uma base física e tecnológica de engenharia para o desenvolvimento estável, seguro e eficaz de uma tecnologia tão avançada como a fusão termonuclear”, assegurou.
Song Yuntao apontou que, em comparação com outros reatores para estudo de fusão termonuclear, o projeto chinês, graças às suas características como a superalta condutibilidade, seção transversal não redonda e arrefecimento ativo de estruturas internas, vai permanecer ainda por muitos anos como o reator experimental mais potente destinado a experimentos no regime de descargas de impulso longas.
Quando foi perguntado sobre o uso prático do reator, o vice-diretor do EAST apontou que no decorrer dos experimentos com a fusão termonuclear os cientistas conseguiram resolver tarefas científicas de caráter “avançado”.
“Entretanto, quando se começa a analisar os problemas restantes […] fica claro que para obter eletricidade, há de efetuar ainda cerca de uma dezena, ou até várias dezenas de tais ‘avanços’ no que diz respeito à tecnologia da fusão termonuclear.”
Ele ressaltou que o desenvolvimento da fusão termonuclear depende não somente do nível científico e tecnológico, mas também do apoio e da necessidade da sociedade na referida tecnologia.
O cientista comentou também o futuro do petróleo e carvão como fontes de energia.
“As fontes de energia tradicionais, como o petróleo e carvão ainda manterão por muito tempo sua atualidade. Quando as tecnologias de fusão termonuclear controladas passarem a ser largamente usadas, a demanda da sociedade por portadores de energia tradicionais cairá significativamente”, apontou.
Song Yuntao frisou que, embora se trate de um processo demorado, os cientistas chineses encaram-no como um objetivo final.