A Starlink, empresa de internet via satélite do bilionário Elon Musk, enfrenta um problema que foge do seu controle: o Sol.
A estrela, que está em um ano de alta atividade, tem provocado explosões solares que podem afetar os equipamentos em órbita. Segundo dados da Agência Espacial Europeia (ESA), a Starlink perdeu 218 satélites desde julho, mais que o dobro do primeiro semestre de 2023.
Os satélites da Starlink são pequenos e leves, com cerca de 260 kg cada um. Eles orbitam a Terra a uma altitude de cerca de 550 km, bem abaixo dos satélites tradicionais de comunicação, que ficam a mais de 35 mil km. Essa proximidade permite que a internet oferecida pela Starlink seja mais rápida e barata, mas também torna os equipamentos mais vulneráveis às interferências solares.
O Sol passa por ciclos de atividade de cerca de 11 anos, alternando entre períodos de calmaria e turbulência. Em 2023, o Sol entrou na fase chamada de máximo solar, quando ocorrem mais manchas escuras na superfície e mais explosões de plasma. Essas explosões liberam partículas carregadas que viajam pelo espaço e podem atingir a Terra, causando fenômenos como as auroras boreais e austrais.
Mas essas partículas também podem danificar os satélites, alterando suas órbitas, sobrecarregando seus sistemas elétricos ou até mesmo destruindo-os. A ESA monitora os satélites em órbita e classifica-os como ativos, inoperantes ou perdidos. Um satélite é considerado perdido quando não há mais contato com ele ou quando ele reentra na atmosfera e se desintegra.
De acordo com a ESA, a Starlink é a empresa com a maior constelação de satélites para internet do mundo, com 4.116 equipamentos ativos. A empresa tem autorização para lançar até 12 mil satélites e pretende oferecer internet de alta velocidade para todo o planeta. No Brasil, a Starlink já iniciou os testes e espera começar a operar comercialmente em 2024.
Apesar das perdas, a Starlink ainda possui uma grande vantagem sobre as concorrentes, como a OneWeb e a Amazon, que têm menos satélites em órbita. A empresa também tem uma frota de foguetes reutilizáveis da SpaceX, outra empresa de Musk, que facilitam os lançamentos. Além disso, a Starlink afirma que seus satélites são projetados para se desintegrar na reentrada atmosférica, evitando o acúmulo de lixo espacial.
A expectativa é que o Sol se acalme nos próximos anos, reduzindo os riscos para os satélites da Starlink e das demais empresas. Enquanto isso, os usuários da internet via satélite podem ter que lidar com algumas instabilidades no serviço, causadas pelas tempestades solares. Mas isso pode ser um pequeno preço a pagar por ter acesso à rede em qualquer lugar do mundo.