Publicado em 21/06/2019 – 07:42
Por Marcio Damasceno, correspondente da RFI na Alemanha Berlim
O extremismo de direita parece chegar a um novo patamar na Alemanha. Teme-se até uma nova onda de ataques neonazistas contra homens e mulheres públicos, após o assassinato de um político favorável a acolhida de imigrantes e da revelação de ameaças de morte contra prefeitos engajados a favor de refugiados. O sucesso do partido de extrema direita AfD em eleições na Alemanha é apontado como responsável por esse clima de terror.
Segundo a presidente do partido CDU da chanceler Angela Merkel, Annegrett Kramp-Karrenbauer, esse clima de terror tem tudo a ver com o atual sucesso da extrema direita em eleições na Alemanha. Ela afirmou nesta semana que o assassinato de Walter Lübke, no início do mês em Kassel, é uma consequência direta do discurso de ódio propagado pelo partido de extrema direita AfD, atualmente a maior força parlamentar de oposição.
O AfD ainda continua em alta nas pesquisas. No fim de semana passado, a legenda por pouco não conquista sua primeira prefeitura na Alemanha. O candidato do partido só perdeu a eleição depois que todos os outros partidos se uniram para apoiar o adversário. A agremiação também deve comemorar bons resultados nas eleições estaduais no leste da Alemanha, agendadas para o próximo semestre.
Venezuelanos
Mas essa alta parece ter mais a ver com o enfraquecimento dos partidos tradicionais do que com o crescimento da importância do tema da migração em campanhas políticas. A entrada de refugiados tem diminuído na Europa. Recentemente o número de pedidos de refúgio no continente teve um novo crescimento, mas devido a migrantes venezuelanos, que já entram no bloco em maior número do que os sírios.
Há inclusive analistas que especulam que o aumento da periculosidade desses grupos pode estar relacionado justamente à queda de popularidade de bandeiras da extrema direita. Essa onda de violência poderia ser, segundo eles, uma expressão de desespero e frustração pelo fracasso de movimentos como o Pegida, por exemplo. Há meses que ninguém mais fala nesse grupo islamofóbico na Alemanha.
Edição: José Romildo