“Mulheres odeiam mulheres” foi a constatação ao qual chegou a cantora pop, Madonna, com o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos em 2016. Assim como grande parte dos eleitorados do mundo, as mulheres norte-americanas são maioria e elegeram o candidato Donald Trump ao invés de Hillary Clinton – mesmo após diversos episódios que o caracterizaram como misógino e geraram até campanhas como a #NotOkay [“Não é legal”] no Twitter, para combater os comentários machistas que ele fez ao se referir às mulheres que cruzaram seu caminho como Sarah Jessica Parker, Cher, Bette Midler, Rosie O’Donnek e Hillary Clinton.
A mesma discussão pode ser feita aqui no Brasil. Apesar de termos elegido e reelegido como presidente, seus mandatos estiveram sempre amparados pelo apoio e a credibilidade masculina de , que praticamente venceu ali em 2014 seu quarto mandato. E os fatos posteriores resultaram no que sabemos agora: péssima reputação, descrédito, humilhação histórica e golpe.
É preciso curar a misoginia dos homens, que é a maior causa do feminicídio no mundo. Mas e a misoginia das mulheres? Culpar outras mulheres pelo erro de homens é misoginia. Criticar o talento de Anitta, puramente por criticar, é misoginia. Comentar ingenuamente que prefere trabalhar com homens do que com mulheres é misoginia também. Todo tipo de ódio gratuito e sem razão contra mulheres precisa ser revisto.
Nós mulheres não precisamos concorrer, precisamos nos unir. Chega de sambar na cara das “inimigas”. Vamos chamar essas “inimigas” pra sambar. Os homens defendem os homens, as mulheres defendem os homens e os filhos. Quem defende as mulheres?
A justiça está tomando providências quanto a isso. A Lei Lola (nº 13.642/2018) foi sancionada em abril deste ano, como proposta da deputada federal (PT/CE). Ela altera a Lei nº 10.446/2002, para que a os crimes que propagam ódio ou aversão às mulheres praticados por meio da internet sejam acrescentados no rol de delitos investigados pela Polícia Federal. Para propor a Lei Lola, Luizianne se inspirou no caso da professora universitária e blogueira feminista Lola Aronovich, alvo de uma campanha cibernética difamatória e perseguição física sem que os criminosos tenham sido descobertos. “Os números de mulheres que sofrem ataques dessa natureza são assustadores. Somente entre 2015 e 2017, foram contabilizados 127 suicídios por crimes na Internet contra a honra.”, apontou Luizianne em seu site.