Mais de 85 mil pessoas estão à espera de serem aceitos no país. Em 2017, foram 33 mil solicitantes de refúgio, com maioria da Venezuela, Cuba, Haiti e Angola. Sobre essa situação, a Sputnik Brasil conversou com Luiz Fernando Godinho, da ACNUR-ONU.
O relatório Refúgio em Números, do ministério da Justiça, revela que em 2017, 33 mil refugiados deram entrada no pedido para reconhecimento da condição de refugiados no Brasil. Roraima é o estado que tem maior número de pedidos, seguido de São Paulo. O Brasil tem um total de 5.134 refugiados vivendo em território brasileiro, dos quais 52% estão em São Paulo. A maioria dos refugiados reconhecidos no Braisil entre 2007 e 2017 são da Síria, Congo e Colômbia.
No total, indica o relatório, 85 mil pessoas buscam o status de refugiado, o que garante algumas facilidade burocráticas, como a imediata emissão do CPF e da carteira de trabalho. Com isso, o imigrante tem condições de se sustentar com mais facilidade e rapidez. Deste total, a maioria dos colicitantes é de venezuelanos, haitianos e senegaleses e sírios.
Para comentar o caso, Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) para os Refugiados no Brasil, explicou que a ACNUR tem trabalhado para criar garantias econômicas para os refugiados que buscam o Brasil como nova casa.
Godinho ressalta que o trabalho terá foco em sensibilizar o setor privado nos locais de incidência de imigração deste tipo para que se disponibilizem vagas aos refugiados. Apesar da busca pelo abrigo, esses estrangeiros trazem consigo experiência profissional que pode ser valiosa para o país.
O representante da ACNUR, aponta que já foi realizado um levantamento, espécie de perfil laboral dessas pessoas, na região de Roraima, onde o trabalho está sendo iniciado. Ele destaca que 2.300 pessoas já estão registradas em abrigos.
“Nós conseguimos falar com mais ou menos 1.600 pessoas em idade economicamente ativa e nós identificamos mais ou menos uma centena de profissões. Desde profissões com qualificação universitária, engenheiros, técnicos, dentistas, advogados, pessoas com formação universitária, pessoas com empregos mais autônomos, com menor capacitação, mas todos com uma tremenda disposição e vontade de se inserir no mercado de trabalho e atingir uma autonomia financeira que é fundamental para qualquer pessoa”, afirma Godinho.
Roraima, o estado mais próximo da Venezuela, é considerado uma porta d entrada para os refugiados venezuelanos. Não só por isso, concentra os refugiados deste país. Outro motivo para a concentração é a situação econômica em que se encontram, o que os obriga a permanecerem no estado antes de viajarem.
Segundo Godinho, essas pessoas apresentam uma série de necessidade imediatas, como saúde, alimentação e habitação.
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Solução para crise de refugiados é política
Na quarta-feira (20) foi comemorado o Dia Mundial do Refugiado, data criada pela ONU após iniciativa da União Africana, que já tinha uma data semelhante para lembrar os refugiados africanos.
Para Godinho: “É uma data em que a gente busca celebrar essa resiliência e refletir com base em números, que muitas vezes não são o que nós gostaríamos de ver, mas é a realidade do assunto na atualidade”.
No mundo todo, calcula a ONU, 65,6 milhões de pessoas estão fora de suas regiões de origem, a maioria como deslocados internos, ou seja, dentro dos próprios país. No entanto, 22,6 milhões desse total de pessoas são refugiados fora de seus países.
“É muito triste notar que há um crescimento que já se verifica de maneira consistente nos últimos 5 anos e que mostra uma necessidade cada vez maior de haver um comprometimento da comunidade internacional não só de apoio de resposta humanitária para atender a necessidade dessas pessoas, como acima de tudo se comprometer com a resolução dessa questão dos conflitos e das guerras que geram esses refugiados”, aponta o representante da ACNUR.
Para ele, apesar das medidas humanitárias e de apoio, Godinho chama atenção para a o fato de que essas ações não são capazes de mudar o quadro de refugiados.
“A solução para a crise dos refugiados que nós vivemos atualmente, ela é política. A ação humanitária ela é muito mais paliativa do que uma solução definitiva”, afirma Godinho.
Copa dos Refugiados de Futebol no Brasil
Um interessante evento de confraternização realizado pelo ACNUR é a Copa do Mundo dos Refugiados. A primeira fase, em Porto Alegre, envolveu 120 jogadores representando Angola, Colômbia, Guiné Bissau, Haiti, Líbano, Peru, Senegal e Venezuela.
O vencedor desta fase irá participar da Copa do brasil de Refugiados, ao lado das equipes vencedoras das fases regionais do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde será realizada a grande final.
O torneio, que está em andamento, fez uma pausa devido ao Ramadã, o mês sagrado islâmico, e será retomado após o fim da Copa do Mundo.
A primeiro evento do tipo foi realizado ainda em 2014, em função da Copa do mundo realizada no Brasil.