Em 1990, a sonda espacial Galileo da NASA examinou a Terra em pormenor durante o primeiro dos dois sobrevoos que fez da superfície terrestre. Este projeto foi concebido para preparar as futuras pesquisas de vida extraterreste, mostrando aos cientistas que bioassinaturas eles poderiam ter como alvo nos mundos distantes.
E a sonda Galileo enviou mesmo. A nave espacial, quando alcançou a órbita de Júpiter em dezembro de 1995, conseguiu identificar múltiplos sinais de vida, incluindo o “rebordo vermelho” da Terra, que é um salto intenso do reflexo da vegetação na radiação de luz próxima à infravermelha. O rebordo vermelho é um sinal de presença de vegetação.
“Se um extraterrestre usasse cores para verificar se a Terra tinha vida, esse extraterrestre veria cores muito diferentes ao longo da história do nosso planeta – regredindo bilhões de anos – quando diferentes formas de vida dominavam a superfície terrestre”, disse em comunicado Lisa Kaltenegger, a diretora do Instituto Carl Sagan da Universidade de Cornell.
Então, Kaltenegger e Jack O’Malley-James decidiram elaborar um mapa mostrando como mudou a paleta de cores do nosso planeta ao longo do tempo.
No estudo científico publicado na terça-feira (9) no The Astrophysical jornal Letters, eles determinaram que o “rebordo” da Terra tem estado presente há muito mais tempo que as suas florestas.
Por exemplo, a assinatura espectral causada por líquens, uma parceria simbiótica que envolve fungos e algas, poderia ser observável cerca de 1,2 bilhão de anos atrás.
“Este trabalho científico expande a utilização da caraterística biológica fotossintética do rebordo vermelho da superfície para tempos mais recuados da história da Terra, tal como para uma gama mais vasta de planetas habitáveis extrassolares”, disse Jack O’Malley-James, coautor do estudo.