“Quando o telefone nos coloca em perigo” é a manchete do jornal Aujourd’hui en France desta terça-feira (23), que trata do comportamento distraído e arriscado dos usuários de smartphones pelas ruas. “Alerta aos zumbis dos celulares”, diz o diário francês, apontando para o aumento do número de acidentes devido ao hábito de caminhar pelos espaços públicos consultando o telefone.
“Eles caminham mais lentamente que os outros, com um passo hesitante, balançando sem rumo certo, com a cabeça baixa e frequentemente utilizando fones de ouvido: são os zumbis dos celulares”, descreve Aujourd’hui en France.
De acordo com uma pesquisa encomendada pelo jornal, 65% dos pedestres franceses reconhecem consultar seus celulares caminhando pelas ruas. Mais grave ainda, 91% dos jovens de 18 a 34 anos dizem que realizam ligações quando estão em trânsito.
O jornal revela que no ano passado, 475 pedestres morreram e cerca de 10 mil foram feridos em acidentes de trânsito na França. Ainda não há dados sobre a quantidade exata de quantos deles estavam utilizando seus smartphones no momento do incidente, mas os serviços de emergência dos hospitais contabilizam de três a quatro pacientes por dia envolvidos em acidentes causados pela distração dos celulares.
Fenômeno mundial
Aujourd’hui en France lembra que o problema não diz respeito apenas à França, já que os “zumbis dos telefones” são um fenômeno mundial. Por isso, alguns países se engajam em iniciativas para evitar acidentes. Em Israel, a prefeitura de Tel Aviv acaba de equipar uma de suas principais ruas com lâmpadas verdes e vermelhas no chão para alertar os pedestres concentrados em seus celulares quando o semáforo está aberto para os veículos ou quando podem atravessar.
Já na cidade de Sassari, na ilha italiana da Sardenha, os policiais podem aplicar uma multa de € 22 a quem atravessa as ruas olhando seus smartphones, sem prestar atenção no trânsito.
O jornal entrevistou um especialista em vício em celulares, o psiquiatra Pierre Massot, para quem o fenômeno se deve à hiperconectividade de jovens e adultos, que não conseguem passar um segundo sem conferir a última foto postada no Instagram ou a última publicação no Twitter. O hábito, segundo o especialista, é comparável ao vício em drogas. Por isso, sugere uma espécie de desentoxicação, deixando o celular de lado em momentos em que não é indispensável, como ao atravessar a rua ou durante as refeições, por exemplo.
A prática, segundo Massot, deve começar desde cedo e ser incentivada pelas famílias. Em entrevista ao Aujourd’hui en France, o psiquiatra lembra de uma regra básica: nenhum tipo de telefone ou tablet antes dos 3 anos de idade e o máximo de duas horas durante a infância e a adolescência.