O talco é um produto muito usado para prevenir assaduras, absorver a umidade e para fins cosméticos. Mas será que ele é seguro?
Nos últimos anos, surgiram várias ações judiciais contra a empresa Johnson & Johnson, uma das maiores fabricantes de talco para bebês, acusando-a de causar câncer de ovário em mulheres que usaram o produto na região genital. A empresa nega as acusações e afirma que o seu talco é puro e não contém amianto, um mineral que pode provocar câncer se inalado. Mas o que dizem as pesquisas científicas sobre essa questão?
O que é o talco e o amianto?
O talco é um mineral formado por silicato de magnésio hidratado, que é extraído da terra. Ele tem a propriedade de absorver a umidade e reduzir o atrito, por isso é usado em pós, cremes e loções para a pele. O amianto é outro mineral, formado por fibras muito finas e resistentes, que também é extraído da terra. Ele tem a propriedade de ser isolante térmico e resistente ao fogo, por isso foi usado em materiais de construção, como telhas e pisos. No entanto, ele também é muito perigoso para a saúde, pois as fibras podem se soltar e ser inaladas ou ingeridas, causando inflamação crônica nos pulmões e na pleura, que pode levar ao câncer.
O problema é que o talco e o amianto podem ser encontrados em camadas próximas no solo, e há o risco de contaminação cruzada durante a extração ou o processamento do talco. Por isso, desde os anos 1970, há uma preocupação em testar o talco para verificar se ele contém traços de amianto. A FDA, a agência dos EUA que controla a produção de alimentos e medicamentos, estabeleceu um limite máximo de 0,1% de amianto no talco cosmético. A Johnson & Johnson afirma que segue esse padrão e que testa regularmente o seu talco para garantir a sua pureza.
O que dizem os estudos sobre o talco e o câncer?
Há vários estudos que tentaram investigar se há uma relação entre o uso do talco na região genital e o risco de câncer de ovário. No entanto, os resultados são contraditórios e não permitem uma conclusão definitiva. Alguns estudos encontraram uma associação positiva, ou seja, um aumento do risco de câncer entre as mulheres que usaram talco; outros não encontraram nenhuma associação ou até uma associação negativa, ou seja, uma redução do risco. Além disso, os estudos têm limitações metodológicas, como o viés de memória (as mulheres podem não lembrar com precisão do uso do talco), a falta de controle de outros fatores de risco (como genética, obesidade ou uso de hormônios) e a dificuldade de medir a exposição ao talco (como a frequência, a quantidade e a duração do uso).
Uma revisão sistemática publicada em 2018 analisou 24 estudos sobre o tema e concluiu que há uma associação fraca entre o uso do talco na região genital e o câncer de ovário, mas que essa associação pode ser explicada por fatores de confusão ou viés. A revisão também não encontrou evidências de que o amianto presente no talco fosse responsável pelo aumento do risco.
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica o uso do talco na região genital como “possivelmente cancerígeno para humanos”, baseada em evidências limitadas em humanos e insuficientes em animais. Essa classificação significa que há alguma indicação de que o talco pode causar câncer em humanos, mas não há certeza científica.
O que fazer diante da incerteza?
Diante da falta de consenso científico sobre o talco e o câncer, o que as mulheres podem fazer para se proteger? Uma opção é evitar o uso do talco na região genital, especialmente se houver histórico familiar de câncer de ovário ou outros fatores de risco. Outra opção é optar por produtos que não contenham talco, como amido de milho ou óxido de zinco, que também têm propriedades absorventes e anti-inflamatórias. Além disso, é importante fazer exames ginecológicos regulares e ficar atenta a possíveis sintomas de câncer de ovário, como dor abdominal, inchaço, alterações no hábito intestinal, sangramento vaginal anormal ou perda de peso sem motivo. Em caso de dúvida, consulte um médico.
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