Você já se sentiu tão sobrecarregado, irritado ou angustiado que não conseguiu controlar suas emoções ou seu comportamento?
Essa situação é chamada de crise de regulação e pode acontecer com qualquer pessoa, mas é especialmente comum em pessoas com autismo.
O autismo é um transtorno do desenvolvimento que afeta a forma como a pessoa se comunica, se relaciona e interage com o mundo. Uma das características do autismo é a dificuldade em processar e responder aos estímulos sensoriais, como sons, luzes, cheiros, toques, etc. Esses estímulos podem ser muito intensos ou desagradáveis para a pessoa com autismo, causando desconforto, dor ou medo.
Além disso, a pessoa com autismo pode ter dificuldade em entender e expressar suas próprias emoções e as dos outros, o que pode gerar frustração, ansiedade ou raiva. Essas emoções podem se acumular e se tornar insuportáveis, levando a pessoa a ter uma crise de regulação.
A crise de regulação pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da pessoa e da situação. Alguns exemplos são: gritos, choros, agressividade, autolesão, isolamento, fuga, etc. Esses comportamentos podem ser uma forma da pessoa tentar se proteger, se acalmar ou chamar a atenção.
A crise de regulação pode ser desencadeada por vários motivos, como mudanças na rotina, expectativas não atendidas, conflitos interpessoais, problemas de saúde, fome, sono, etc. Cada pessoa com autismo tem seus próprios gatilhos e sinais de alerta que indicam que ela está prestes a entrar em crise.
Por isso, é importante conhecer e respeitar as características, as preferências e as necessidades de cada pessoa com autismo. Assim, é possível prevenir ou reduzir as situações que podem provocar uma crise de regulação e oferecer o apoio adequado para a pessoa se recuperar.
Mas como fazer isso na prática? Aqui vão algumas dicas:
- Crie um ambiente seguro e tranquilo para a pessoa com autismo. Evite ruídos, luzes ou odores fortes que possam incomodar a pessoa. Providencie um espaço onde ela possa se isolar ou se refugiar se precisar.
- Mantenha uma rotina estruturada e previsível para a pessoa com autismo. Avise com antecedência sobre qualquer mudança ou novidade que possa ocorrer. Use recursos visuais, como calendários, agendas ou pictogramas, para ajudar a pessoa a se organizar e a se preparar para o que vai acontecer.
- Respeite o tempo e o espaço da pessoa com autismo. Não force a pessoa a fazer algo que ela não queira ou não consiga. Dê opções e deixe que ela escolha o que prefere. Não invada o espaço pessoal da pessoa sem sua permissão. Não toque ou abrace a pessoa sem seu consentimento.
- Use uma linguagem simples e clara com a pessoa com autismo. Evite ironias ou sarcasmos que possam confundir ou ofender a pessoa. Não faça perguntas ou ordens complexas ou ambíguas que possam aumentar a tensão da pessoa. Seja direto e objetivo no que quer dizer.
- Mostre empatia e compreensão pela pessoa com autismo. Não julgue ou critique a pessoa pelo seu comportamento. Não minimize ou ignore seus sentimentos. Reconheça e valide suas emoções. Demonstre que você está ali para ajudar e apoiar.
- Tente distrair a pessoa com autismo com algo que ela goste ou se interesse. Ofereça um brinquedo, um jogo, uma música, um vídeo ou qualquer outra coisa que possa chamar sua atenção e acalmá-la. Evite atividades que possam estimular ainda mais a pessoa ou gerar mais conflitos.
- Ensine a pessoa com autismo a reconhecer e expressar suas emoções de forma adequada. Use recursos visuais, gestos, palavras ou desenhos para ajudar a pessoa a identificar e nomear seus sentimentos. Incentive a pessoa a usar estratégias de comunicação alternativa, como cartões, sinais ou dispositivos eletrônicos, se ela tiver dificuldade em falar.
- Estimule a pessoa com autismo a praticar atividades físicas, respiratórias ou relaxantes que possam aliviar o estresse e melhorar o bem-estar da pessoa. Por exemplo, caminhar, correr, pular, dançar, respirar fundo, contar até dez, abraçar um travesseiro, etc. Descubra o que funciona melhor para a pessoa e incentive-a a fazer isso quando se sentir sobrecarregada.
Essas são algumas sugestões que podem ajudar a lidar com a crise de regulação em pessoas com autismo. No entanto, é importante lembrar que cada pessoa é única e tem suas próprias características e necessidades. Por isso, é essencial conhecer bem a pessoa com autismo e buscar orientação profissional quando necessário.