A febre do Nilo é uma doença causada por um vírus que pode afetar o sistema nervoso e provocar complicações graves.
A doença é transmitida pela picada de mosquitos que se infectam ao picar aves contaminadas. Saiba mais sobre essa doença rara no Brasil, seus sintomas, tratamento e prevenção.
O que é a febre do Nilo?
A febre do Nilo é uma doença infecciosa causada pelo vírus do Nilo Ocidental, que pertence à família dos flavivírus, a mesma da dengue, da zika e da febre amarela. O vírus foi descoberto em 1937, na região do Nilo, no Egito, e desde então se espalhou por vários continentes, causando surtos em países da África, da Europa, da Ásia e da América.
O vírus do Nilo Ocidental infecta principalmente as aves, que servem como reservatórios e fontes de infecção para os mosquitos. Os mosquitos do gênero Culex, também conhecidos como pernilongos, são os principais vetores da doença. Eles se contaminam ao picar aves infectadas e podem transmitir o vírus para outros animais ou para os humanos.
Os humanos e outros mamíferos são hospedeiros acidentais do vírus, ou seja, não participam da cadeia de transmissão. Isso significa que uma pessoa infectada não pode transmitir o vírus para outra pessoa ou para um mosquito.
Quais são os sintomas da febre do Nilo?
A maioria das pessoas infectadas pelo vírus do Nilo Ocidental não apresenta sintomas ou tem apenas uma febre leve e passageira. Esses casos são chamados de infecções subclínicas ou assintomáticas.
No entanto, em cerca de 20% dos casos, o vírus pode causar uma doença mais severa, chamada de febre do Nilo Ocidental neuroinvasiva. Essa forma da doença ocorre quando o vírus invade o sistema nervoso e provoca inflamação no cérebro (encefalite), nas meninges (meningite) ou na medula espinhal (poliomielite).
Os sintomas da febre do Nilo Ocidental neuroinvasiva podem incluir:
- Febre alta
- Dor de cabeça
- Rigidez no pescoço
- Confusão mental
- Convulsões
- Fraqueza muscular
- Paralisia
- Coma
Esses sintomas podem aparecer entre 3 a 14 dias após a picada do mosquito infectado. A febre do Nilo Ocidental neuroinvasiva é uma doença grave, que pode levar à morte ou deixar sequelas neurológicas permanentes.
As pessoas com maior risco de desenvolver a forma neuroinvasiva da doença são aquelas com o sistema imunológico enfraquecido, como idosos, crianças, gestantes ou portadores de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão ou HIV.
Como é feito o diagnóstico e o tratamento da febre do Nilo?
O diagnóstico da febre do Nilo é feito por meio de exames laboratoriais que detectam a presença do vírus ou de anticorpos no sangue ou no líquido cefalorraquidiano (líquido que banha o cérebro e a medula espinhal).
Não há vacina ou tratamento específico para a febre do Nilo. O tratamento é apenas sintomático, com o uso de medicamentos para aliviar a febre, a dor e o mal-estar. Nos casos mais graves, pode ser necessário o uso de suporte respiratório ou neurológico em uma unidade de terapia intensiva (UTI).
Como se prevenir da febre do Nilo?
A prevenção da febre do Nilo depende do controle dos mosquitos transmissores e da proteção individual contra as picadas. Algumas medidas que podem ser adotadas são:
- Eliminar os possíveis criadouros dos mosquitos, como recipientes com água parada, pneus, latas, garrafas, etc.
- Usar repelentes à base de DEET, icaridina ou IR3535 na pele exposta, seguindo as orientações do fabricante.
- Usar roupas claras, compridas e que cubram o máximo possível do corpo.
- Usar telas nas janelas e portas para impedir a entrada dos mosquitos.
- Evitar sair ao ar livre no período de maior atividade dos mosquitos, que é o crepúsculo e o amanhecer.
- Evitar o contato com aves doentes ou mortas, que podem estar infectadas pelo vírus.
Qual é a situação da febre do Nilo no Brasil?
A febre do Nilo é uma doença rara no Brasil. O primeiro caso confirmado foi registrado em 2014, no estado do Piauí. Tratava-se de um homem de 52 anos que apresentou quadro de encefalite e ficou com sequelas neurológicas.
Desde então, houve poucos casos esporádicos em outros estados, como São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. O último caso notificado foi em 2019, em uma mulher de 35 anos que morava em Pernambuco.
A vigilância epidemiológica é importante para detectar precocemente os casos de febre do Nilo e evitar surtos da doença. As autoridades sanitárias devem monitorar a circulação do vírus entre as aves e os mosquitos e alertar a população sobre os riscos e as medidas de prevenção.