Você sabia que a água que você bebe pode conter substâncias químicas que podem afetar a sua saúde?
Essas substâncias podem vir de fontes naturais, como minerais, ou de fontes artificiais, como poluentes industriais, agrícolas ou domésticos. Algumas delas podem causar doenças como câncer, problemas hormonais ou neurológicos.
Para evitar esses riscos, é importante saber se a água que você consome é segura e atende aos padrões de qualidade estabelecidos pela legislação. Mas como fazer isso sem ter que enviar amostras para um laboratório especializado, que pode demorar e custar caro?
A resposta pode estar em um sensor portátil, feito com papelão e nanopartículas de ouro, que pode medir a qualidade da água em casa. Esse sensor foi criado por uma equipe de cientistas da Universidade de São Paulo (USP), liderada pelo professor Osvaldo Novais de Oliveira Junior, do Instituto de Física de São Carlos.
O sensor é simples, barato e fácil de usar. Basta mergulhar uma tira de papelão na água e conectar um fio a uma bateria. O papelão tem uma camada de nanopartículas de ouro, que são partículas muito pequenas, menores do que um milionésimo de milímetro. Essas partículas reagem com as substâncias químicas presentes na água e geram uma corrente elétrica, que pode ser medida por um dispositivo eletrônico.
O sensor pode detectar vários tipos de substâncias químicas na água tratada, como cloro, flúor, nitratos e fosfatos. Essas substâncias são usadas para desinfetar ou melhorar a qualidade da água, mas podem ser prejudiciais se estiverem em excesso ou em falta. Por exemplo, o cloro pode matar bactérias nocivas, mas também pode formar compostos cancerígenos. O flúor pode prevenir cáries dentárias, mas também pode causar fluorose, que é o enfraquecimento do esmalte dos dentes.
O sensor foi desenvolvido com uma técnica inovadora, que usa um laser para sintetizar as nanopartículas de ouro sobre o papelão. Essa técnica permite controlar o tamanho e a forma das partículas, o que influencia na sensibilidade e na seletividade do sensor. Além disso, o papelão é um material biodegradável e sustentável, que reduz o impacto ambiental do sensor.
O sensor tem um custo estimado de apenas R$ 0,50 por unidade, e pode ser produzido em larga escala. O sensor pode ajudar a população a monitorar a presença de contaminantes na água e a tomar medidas preventivas ou corretivas para garantir a sua saúde e a sua qualidade de vida.
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Sensors and Actuators B: Chemical, e contaram com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).