A discriminação racial ou étnica pode afetar não só a saúde mental, mas também a saúde física das pessoas que sofrem com ela.
Um novo estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) revelou que a discriminação pode alterar o funcionamento do cérebro e do intestino, aumentando o risco de obesidade e de doenças relacionadas.
Os pesquisadores usaram uma técnica chamada ressonância magnética funcional (fMRI) para medir a atividade cerebral de 101 participantes enquanto eles viam imagens de diferentes tipos de alimentos, como frutas, vegetais, doces e fast food. Eles também coletaram amostras de sangue dos participantes para analisar a química do intestino, que é influenciada pelo microbioma, o conjunto de micro-organismos que vivem no trato digestivo.
Os participantes responderam a um questionário sobre suas experiências de discriminação racial ou étnica ao longo da vida, como ser tratado injustamente, ser insultado ou ameaçado por causa de sua raça ou etnia. Os resultados mostraram que as pessoas que relataram mais experiências de discriminação tiveram maior ativação nas regiões do cérebro associadas à recompensa e à autoindulgência, como buscar sensações de “conforto” em alimentos “confortáveis”, e menor atividade nas áreas envolvidas na tomada de decisão e no autocontrole. Além disso, elas apresentaram níveis mais altos de dois metabólitos do glutamato, que estão implicados em processos inflamatórios, estresse oxidativo e maior risco de desenvolver obesidade.
Os autores do estudo sugerem que a discriminação pode desencadear uma resposta ao estresse que altera os processos biológicos e a forma como processamos os sinais de comida. Isso pode levar a um ciclo vicioso de comer demais alimentos não saudáveis, ganhar peso e ter mais problemas de saúde. Eles também propõem que os resultados podem ajudar a desenvolver tratamentos que visem o cérebro ou o intestino, como modulação do sistema de recompensa alimentar, circuitos cerebrais hiperativados, vias glutamatérgicas ou suplementação probiótica.
O estudo foi publicado na revista científica Psychoneuroendocrinology e faz parte de um projeto maior chamado Stress and Obesity/Metabolism Study (SOMS), que investiga os efeitos do estresse crônico na saúde metabólica.
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