Uma pesquisa realizada pela Fiocruz revelou que a coinfecção de dengue e chikungunya, ou seja, a infecção simultânea por dois ou mais vírus transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti, é muito mais comum do que se imaginava no Brasil.
O estudo, publicado na revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases, usou testes moleculares desenvolvidos pela Fiocruz para detectar vários vírus ao mesmo tempo, o que facilita o diagnóstico e a vigilância das arboviroses, doenças causadas por artrópodes como mosquitos, carrapatos e pulgas.
A pesquisa analisou mais de 60 mil amostras de sangue de pacientes com suspeita de arboviroses em 14 estados brasileiros entre 2022 e 2023. Os resultados mostraram uma taxa de coinfecção de 11%, muito acima do esperado pelos pesquisadores. Isso significa que muitas pessoas estão infectadas por dois ou mais vírus ao mesmo tempo, o que pode agravar os sintomas e as complicações das doenças. Entre as coinfecções mais frequentes, estão a dengue com chikungunya (7%), a dengue com zika (2%) e a dengue com mayaro (1%).
A pesquisa também mostrou um aumento expressivo dos casos de chikungunya em 2023, quase sete vezes maior do que em 2022. Em Minas Gerais, os casos de dengue foram três vezes mais numerosos que no ano anterior. Esses dados indicam que o Brasil enfrenta uma situação preocupante de circulação de diferentes vírus transmitidos pelo mesmo vetor, o Aedes Aegypti.
A especialista da Fiocruz, Patrícia Alvarez, coordenadora do estudo, alerta para a necessidade de se acompanhar o cenário das arboviroses e tomar medidas eficazes de saúde pública, como o combate aos focos do mosquito transmissor. Ela também ressalta a importância dos testes moleculares para o diagnóstico precoce e preciso das infecções, o que pode contribuir para o tratamento adequado dos pacientes e a prevenção de surtos e epidemias.
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