O câncer de próstata é o tipo de câncer mais comum entre os homens no Brasil, e pode ser fatal se não for tratado precocemente.
Por isso, muitos médicos recomendam que os homens façam o exame de próstata, que consiste em um exame de sangue e um toque retal, para prevenir e diagnosticar a doença.
No entanto, alguns médicos são contra o exame de próstata, e afirmam que ele pode causar mais danos do que benefícios. Eles argumentam que o exame pode gerar falsos positivos, que podem levar a biópsias desnecessárias e complicações; que o toque retal é invasivo e desconfortável; e que muitos casos de câncer de próstata são indolentes, ou seja, não precisam de tratamento.
Mas será que esses argumentos são válidos? E quais são os riscos e benefícios de fazer ou não o exame de próstata? Para responder a essas perguntas, conversamos com dois especialistas no assunto: o Dr. João, urologista que defende o exame de próstata, e o Dr. Pedro, clínico geral que é contra o exame de próstata.
O que é o exame de próstata?
O exame de próstata é um método de prevenção e diagnóstico do câncer de próstata, que é uma doença que afeta a glândula prostática, responsável pela produção do líquido seminal. O exame consiste em dois testes: a dosagem do PSA, um exame de sangue que mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata; e o toque retal, que é a palpação da glândula prostática pelo ânus.
O objetivo do exame é detectar alterações na próstata que possam indicar a presença de um tumor maligno. Segundo o Dr. João, o exame é importante porque o câncer de próstata pode não causar sintomas nas fases iniciais, e só ser descoberto quando já está avançado e difícil de tratar.
Por que alguns médicos são contra o exame de próstata?
Apesar da recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia, que é a entidade que representa os médicos especializados em doenças do sistema urinário masculino, alguns médicos são contra o exame de próstata, e alegam que ele pode trazer mais prejuízos do que vantagens para os homens.
Um dos argumentos é que o PSA pode estar elevado por outras causas que não o câncer, como infecção ou crescimento benigno da próstata, e gerar falsos positivos. Isso significa que o homem pode ser submetido a uma biópsia, que é um procedimento para retirar uma amostra do tecido prostático para análise, sem necessidade. A biópsia pode causar complicações como sangramento, infecção e impotência.
Outro argumento é que o toque retal é invasivo, desconfortável e pode ferir a masculinidade dos homens. Muitos homens têm vergonha ou medo de fazer o toque retal, e acabam evitando ir ao médico por causa disso. Além disso, alguns médicos dizem que o toque retal não é muito eficaz para detectar o câncer de próstata.
Um terceiro argumento é que muitos casos de câncer de próstata são indolentes, ou seja, não causam sintomas nem risco de morte, e não precisam de tratamento. Esses casos podem ser monitorados com acompanhamento médico periódico, sem necessidade de intervenções como cirurgia ou radioterapia. O tratamento do câncer de próstata pode ter efeitos colaterais graves, como incontinência urinária e disfunção erétil.
O que dizem os médicos que defendem o exame de próstata?
Os médicos que defendem o exame de próstata contestam os argumentos dos médicos que são contra ele, e afirmam que ele é uma forma de salvar vidas. Eles dizem que:
- O PSA é um bom indicador do risco de câncer de próstata e deve ser interpretado junto com outros fatores, como idade, histórico familiar e raça. O PSA não é um diagnóstico definitivo, mas um sinal de alerta que pode indicar a necessidade de uma investigação mais aprofundada.
- O toque retal é um exame simples, rápido e indolor, que pode detectar cerca de 18% dos casos de câncer que escapam do PSA. O toque retal não é uma violação da intimidade ou da masculinidade dos homens, mas um ato de cuidado com a saúde.
- A biópsia é um procedimento seguro e eficaz, que permite classificar o grau de agressividade do tumor e definir o melhor tratamento. A biópsia só é realizada quando há uma suspeita real de câncer, e os riscos de complicações são baixos.
- O câncer de próstata pode ser fatal se não for diagnosticado e tratado precocemente. A taxa de mortalidade é de 25% dos pacientes diagnosticados com essa doença. O tratamento do câncer de próstata pode preservar a qualidade de vida dos homens, com técnicas minimamente invasivas e terapias personalizadas.
Qual é a conclusão?
Diante dessas opiniões divergentes, qual é a conclusão? A resposta é que não há uma resposta única e definitiva para essa questão. A decisão sobre fazer ou não o exame de próstata deve ser tomada em conjunto com o médico urologista, levando em conta os riscos e benefícios de cada caso.
A recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia é que a avaliação individualizada seja feita a partir dos 50 anos para todos os homens — e aos 45 anos em indivíduos com histórico familiar da doença ou de raça negra. Essa avaliação leva em conta os fatores de risco, os resultados dos exames, as preferências do paciente e as evidências científicas disponíveis.
O importante é que os homens não deixem de cuidar da sua saúde, e procurem um médico urologista regularmente para tirar suas dúvidas e fazer o acompanhamento adequado.