A demência é um termo que engloba diversas doenças que afetam o cérebro e causam perda progressiva de memória, raciocínio, linguagem e outras habilidades cognitivas.
Essas doenças podem comprometer a autonomia, a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes e de seus familiares.
Mas como saber se alguém tem demência? Quais são os exames necessários para confirmar o diagnóstico? E qual é a importância de detectar a doença o quanto antes?
Para responder a essas perguntas, conversamos com o Dr. João Silva, neurologista e especialista em demência, que nos explicou os principais aspectos do diagnóstico dessa condição.
Quais são os sintomas da demência?
Segundo o Dr. Silva, os sintomas da demência variam de acordo com o tipo e a causa da doença, mas geralmente incluem:
- Dificuldade para lembrar de fatos recentes, compromissos, nomes ou lugares;
- Dificuldade para realizar tarefas cotidianas, como pagar contas, cozinhar ou se vestir;
- Dificuldade para se comunicar, compreender ou expressar ideias;
- Alterações de humor, personalidade ou comportamento, como apatia, irritabilidade, agressividade ou desinibição;
- Desorientação no tempo e no espaço, como não saber a data, a hora ou onde está;
- Alucinações, delírios ou paranoia, como ver ou ouvir coisas que não existem ou acreditar em coisas falsas.
O Dr. Silva ressalta que esses sintomas devem ser persistentes e interferir na capacidade funcional do indivíduo, ou seja, na sua capacidade de realizar as atividades normais do dia a dia. Além disso, eles devem ser diferenciados de alterações normais do envelhecimento, como esquecer detalhes irrelevantes ou ter lapsos de memória ocasionais.
Como é feito o diagnóstico da demência?
O diagnóstico da demência é feito por um médico, geralmente um neurologista ou geriatra, que avalia os sintomas, o histórico clínico e familiar, e o funcionamento cognitivo do paciente. Para isso, o médico pode aplicar testes que medem a memória, a atenção, o raciocínio, a linguagem e outras funções mentais.
Além disso, o médico pode solicitar exames complementares, como:
- Eletrocardiograma, para verificar a saúde do coração;
- Tomografia computadorizada ou ressonância magnética, para visualizar o cérebro e identificar possíveis lesões ou atrofias;
- Hemograma, para descartar outras doenças que podem causar confusão mental, como anemia, infecção ou desidratação;
- Sorologia para HIV e sífilis, para detectar possíveis infecções que podem afetar o sistema nervoso.
Os exames podem variar de acordo com o tipo e a causa da demência, que podem ser Alzheimer, vascular, Parkinson, entre outras. O Dr. Silva explica que o Alzheimer é o tipo mais comum de demência, responsável por cerca de 60% dos casos, e se caracteriza pela perda de memória e pela formação de placas e emaranhados de proteínas no cérebro. A demência vascular é o segundo tipo mais comum, e ocorre quando há obstrução ou rompimento de vasos sanguíneos que irrigam o cérebro, causando danos nas células nervosas. A demência de Parkinson é uma complicação da doença de Parkinson, que afeta o movimento e a coordenação, e pode causar tremores, rigidez e lentidão.
Qual é a importância do diagnóstico precoce da demência?
O Dr. Silva destaca que o diagnóstico precoce da demência é importante para iniciar o tratamento adequado e tentar retardar a progressão da doença, garantindo uma melhor qualidade de vida. O tratamento da demência envolve o uso de medicamentos que podem aliviar os sintomas, melhorar o desempenho cognitivo e reduzir o declínio funcional. Além disso, o tratamento inclui medidas não farmacológicas, como estimulação cognitiva, atividade física, alimentação saudável, controle de fatores de risco, como hipertensão, diabetes e colesterol alto, e apoio psicológico e social para o paciente e seus cuidadores.
O Dr. Silva ressalta que a demência é uma doença incurável e progressiva, mas que pode ser enfrentada com dignidade, respeito e solidariedade. Ele recomenda que as pessoas que apresentam sinais de demência ou que têm familiares com a doença procurem ajuda médica o quanto antes, para obter um diagnóstico correto e um tratamento adequado.