Desde a década de 1950, sob a liderança de Mao Tse Tung, a Medicina Tradicional Chinesa ganhou destaque não apenas como uma alternativa médica, mas também como uma estratégia para enfrentar desafios sociais e econômicos do país.
A Promoção da MTC na Década de 1950
Durante os anos 50, a China enfrentava uma escassez crítica de recursos médicos ocidentais, o que tornava o acesso à saúde uma realidade distante para a vasta maioria da população rural. Para contornar essa limitação, Mao incentivou a adoção da MTC, que já era amplamente praticada e, portanto, mais acessível.
Uma das iniciativas mais significativas de Mao foi o treinamento dos “médicos de pés descalços”. Esses profissionais eram trabalhadores rurais que recebiam formação básica em MTC e cuidados primários de saúde. Essa estratégia foi crucial para expandir o acesso a tratamentos médicos em regiões onde a medicina ocidental era praticamente inexistente. Embora Mao não fosse um defensor fervoroso da MTC, ele a considerou uma solução prática para garantir que a população tivesse algum nível de atendimento médico.
Richard Nixon, o presidente americano na época, realizou uma visita emblemática à China em fevereiro de 1972, durante o governo de Mao Tse Tung. Essa viagem histórica assinalou a primeira vez que um presidente dos EUA pisou em solo chinês. O encontro representou um avanço notável para a melhoria das relações entre as duas nações, que haviam se afastado desde a Revolução Chinesa.
Durante a visita histórica de Richard Nixon à China, o jornalista do New York Times, James Reston, acompanhava a comitiva presidencial. Enquanto estava em Pequim, Reston desenvolveu um caso de apendicite e precisou passar por uma apendicectomia de emergência.
Após a cirurgia, Reston recebeu tratamento com acupuntura para aliviar a dor pós-operatória. Ele ficou impressionado com a eficácia do tratamento e escreveu um artigo detalhado sobre sua experiência, intitulado “Now, About My Operation in Peking”. Este artigo ajudou a popularizar a acupuntura nos Estados Unidos e despertou um interesse significativo na Medicina Tradicional Chinesa.
Após a experiência de James Reston com a acupuntura, houve um aumento significativo no interesse e na pesquisa sobre essa prática nos Estados Unidos e em outros países ocidentais. No entanto, a comunidade científica descobriu que os resultados da acupuntura podem ser variados e, em muitos casos, os benefícios relatados podem ser atribuídos ao efeito placebo.
Críticas à Medicina Tradicional Chinesa
Apesar de sua popularidade e da promoção governamental, a MTC enfrenta diversas críticas. Entre as principais preocupações estão:
- Falta de Evidências Científicas: Muitas práticas da MTC carecem de embasamento científico rigoroso. A eficácia de tratamentos como acupuntura e fitoterapia é frequentemente questionada devido à escassez de estudos controlados e confiáveis.
- Regulamentação e Segurança: A MTC pode apresentar riscos devido à falta de regulamentação rigorosa. Relatos de efeitos adversos associados a práticas tradicionais são comuns, com autoridades recebendo milhares de denúncias anualmente.
- Uso de Produtos de Origem Animal: Algumas práticas da MTC envolvem o uso de partes de animais, como tigres e rinocerontes, levantando preocupações éticas e questões de conservação.
- Interações Medicamentosas: Há receios sobre como os tratamentos da MTC podem interagir com medicamentos ocidentais, o que pode resultar em efeitos adversos ou reduzir a eficácia dos tratamentos convencionais.
Estudos rigorosos e controlados têm mostrado que, embora a acupuntura possa ser eficaz para algumas condições, como dor crônica e náuseas pós-operatórias, a evidência científica não é suficientemente robusta para apoiar todas as alegações feitas sobre seus benefícios. Além disso, a qualidade dos estudos varia, e muitos não seguem padrões rigorosos de pesquisa.