Se você encontrar livros antigos, coloridos e encadernados em tecido da era vitoriana, é melhor manuseá-los com cuidado ou até evitá-los.
Essas cores deslumbrantes nos livros antigos podem ser mais traiçoeiras do que parecem! Pesquisadores aplicaram três técnicas, uma delas novidade no mundo literário, para analisar corantes em livros de uma coleção universitária. O resultado? Melhor pensar duas vezes antes de folhear certas obras – alguns exemplares podem ser literalmente perigosos ao toque.
Os resultados foram apresentados na reunião da American Chemical Society (ACS).
“Esses livros antigos com corantes tóxicos podem estar em universidades, bibliotecas públicas e coleções particulares”, disse Abigail Hoermann, estudante de química da Lipscomb University. Ela explicou que os pigmentos nas capas podem se transferir para as mãos ou serem inalados, causando riscos à saúde. Por isso, os pesquisadores estão buscando maneiras de facilitar a identificação desses livros e seu armazenamento seguro.
A pesquisa teve início com um pedido curioso dos bibliotecários da Lipscomb: analisar livros coloridos e com capas de tecido do século XIX e início do XX. O professor Joseph Weinstein-Webb, fascinado pela ideia de corantes tóxicos escondidos em antigas publicações, comandou o estudo com seus alunos em 2022.
Para investigar os livros, a equipe usou três técnicas científicas:
- XRF para detectar metais pesados nas capas dos livros.
- ICP-OES para medir a concentração desses metais.
- XRD para identificar os pigmentos que contêm esses metais.
Com o uso dessas técnicas, eles descobriram recentemente chumbo e cromo escondidos em algumas páginas, com níveis preocupantemente altos em certas amostras. Em um plot twist digno de um romance policial, alguns desses metais apareceram como cromato de chumbo, o mesmo pigmento amarelo que Van Gogh usava para dar vida às suas obras-primas.
É surpreendente, mas as capas dos livros estavam mais para chumbo do que para cromo, o que foge do comum, pois geralmente o cromato de chumbo é mais equilibrado. Parece que os pesquisadores estão apostando que a festa dos pigmentos incluiu convidados extras como o óxido de chumbo e o sulfeto de chumbo.
A equipe também investigou se os níveis de metais pesados poderiam ser prejudiciais para os bibliotecários que manuseiam os livros. Descobriram que, em alguns casos, as concentrações de metal ultrapassam os limites de segurança estabelecidos pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A exposição prolongada a esses metais pode causar problemas de saúde graves, como câncer e danos pulmonares.
Devido a essas descobertas, a biblioteca da Lipscomb agora armazena esses livros em sacos plásticos com zíper para evitar o contato direto. Livros com corantes comprovadamente perigosos foram retirados de circulação.
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