A psicanálise, fundada por Sigmund Freud, é uma teoria que busca entender e tratar o funcionamento da mente humana. Baseada em conceitos como o inconsciente e os desejos reprimidos, a psicanálise já foi vista como uma grande revolução no tratamento de problemas mentais.
No entanto, com o tempo, várias críticas surgiram, e muitos estudiosos questionaram a validade dessa abordagem, especialmente alguns aspectos da própria postura de Freud.
Quando diagnósticos psicologizantes prejudicam o paciente
Uma das principais críticas à psicanálise é que, às vezes, ela se concentra tanto em explicações psicológicas que acaba ignorando causas médicas reais dos sintomas. Como no caso de pacientes que sofriam de distonia muscular deformante, por exemplo, o problema era neurológico, mas alguns psicanalistas os diagnosticaram com questões psicológicas como “histeria” ou “exibicionismo”. Esses diagnósticos equivocados impediram os pacientes de receberem o tratamento médico adequado, causando sofrimento e prejuízos para eles e suas famílias.
Esse é um exemplo de iatrogenia, que são danos causados pelo próprio tratamento, e mostra a importância de não fechar o diagnóstico com base em uma visão única. Quando se foca em uma explicação psicológica para tudo, corre-se o risco de perder a verdadeira causa do problema.
Efeitos colaterais na terapia
Hoje sabemos que qualquer tratamento, inclusive as terapias de fala, pode ter efeitos colaterais. Mas, enquanto na medicina tradicional esses efeitos são amplamente pesquisados e monitorados, a psicanálise e outras terapias de fala têm um histórico de negligenciar esses aspectos.
A psicanálise, especialmente, tem uma postura autoconfiante, muitas vezes ignorando a possibilidade de que suas abordagens possam, de fato, causar sofrimento. Em alguns casos, analistas até argumentam que qualquer desconforto sentido pelo paciente “faz parte do processo”, o que pode ser perigoso, pois deixa de considerar que esse desconforto pode ser prejudicial e não terapêutico.
A história problemática de Freud
Sigmund Freud é visto como um dos grandes pensadores da mente humana, mas suas práticas clínicas são bastante questionáveis. Um exemplo marcante foi seu entusiasmo pela cocaína: Freud recomendou a droga para diversos problemas, de dor de cabeça a depressão, e chegou a usá-la para tentar livrar um amigo do vício em morfina — com resultados desastrosos. Mesmo depois de ver os danos causados, Freud continuou publicando textos em defesa da droga e tentou, mais tarde, esconder essa fase de sua carreira.
Freud documentou apenas seis casos de tratamento com detalhes. Em dois desses casos, os pacientes abandonaram a terapia, e outros dois deixaram depoimentos criticando o método psicanalítico, alegando que ele lhes causou mais sofrimento. O caso da “Dora”, por exemplo, hoje é considerado uma falha ética, pois Freud tentou forçar uma jovem a admitir sentimentos que ela negava ter.
Freud também exagerava para aumentar sua credibilidade. Em uma palestra, afirmou ter curado 18 pacientes, mas em cartas privadas admitia a falta de resultados. Essa discrepância levanta dúvidas sobre a transparência de Freud, sugerindo que ele estava disposto a manipular os fatos para promover sua teoria.
Por que essas críticas importam?
As críticas à psicanálise e ao próprio Freud mostram que, mesmo teorias populares e amplamente aceitas precisam ser constantemente questionadas. Ao focar demais em suas próprias interpretações e ao ignorar outras possibilidades e efeitos colaterais, alguns psicanalistas podem acabar fazendo mais mal do que bem.
Hoje, a saúde mental é uma área muito mais ampla e multidisciplinar, e tanto psicólogos quanto psiquiatras e neurologistas trabalham em conjunto para entender o paciente de maneira mais completa. A confiança cega em uma abordagem única, seja a psicanálise ou qualquer outra, pode ser perigosa, pois desconsidera a complexidade do ser humano.
É essencial adotar uma postura humilde e flexível na saúde mental, buscando sempre o melhor para o paciente com base em evidências científicas, colaboração e, sobretudo, empatia.