O Alzheimer é uma doença que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e ainda não há cura nem um tratamento eficaz. Mas um novo medicamento está trazendo esperança para muitas famílias que enfrentam essa dura realidade.
Embora ainda não seja uma cura, ele representa um passo importante no tratamento da doença.
O Leqembi é um medicamento cujo princípio ativo é o lecanemabe, criado para tratar a doença de Alzheimer de uma forma inovadora. Diferente de outros tratamentos, que apenas aliviam os sintomas, o Leqembi tenta atacar a causa principal da doença: as placas de beta-amiloide.
Essas placas são como pequenos depósitos que se acumulam no cérebro de quem tem Alzheimer, prejudicando a comunicação entre as células nervosas e causando a morte delas. O resultado é a perda gradual de memória e outras funções importantes do cérebro.
Como funciona o Leqembi?
O Leqembi funciona como um “detetive” no cérebro. Ele é um tipo de medicamento chamado anticorpo monoclonal, que age de forma parecida com os anticorpos naturais do nosso corpo. Sua função é encontrar as placas de beta-amiloide e “marcá-las”, avisando ao sistema imunológico que elas precisam ser eliminadas. Dessa forma, o medicamento ajuda a proteger as células nervosas, atrasando os danos causados pelo Alzheimer.
O que os estudos mostram?
Nos testes feitos com Leqembi, os resultados trouxeram uma mistura de esperança e cautela. Em média, os pacientes que tomaram o medicamento tiveram um atraso de cerca de cinco meses na progressão dos sintomas do Alzheimer. Isso pode parecer pouco, mas para muitas famílias, esse tempo extra pode significar meses a mais de boas memórias e momentos juntos.
O tratamento é feito com infusões a cada duas semanas, ou seja, o paciente recebe o medicamento diretamente na veia durante um período específico.
Como qualquer tratamento, o Leqembi não é perfeito. Cerca de 30% dos participantes dos estudos experimentaram algum tipo de hemorragia no cérebro. No entanto, a maioria desses casos foi leve e não apresentou sintomas visíveis. Apenas uma pequena parte dos pacientes teve complicações mais sérias.
Além disso, o Leqembi não é indicado para todos. Pessoas com uma variante genética específica, chamada ApoE4, que aumenta o risco de Alzheimer, têm maior probabilidade de sofrer efeitos colaterais graves. Isso significa que alguns pacientes precisarão passar por testes genéticos antes de iniciar o tratamento.
Outro ponto que preocupa é que, ao interromper o uso do Leqembi, as placas de beta-amiloide podem voltar a se acumular. Então, ainda não está claro por quanto tempo o tratamento deve ser mantido.
Apesar de suas limitações, o Leqembi marca o início de uma nova fase na luta contra o Alzheimer. Ele é o primeiro medicamento aprovado na Europa que ataca a causa da doença, e não apenas os sintomas. Isso significa que ele abre caminho para novos tratamentos que podem ser ainda mais eficazes no futuro.
Os cientistas comparam essa fase inicial de tratamento ao início da luta contra o HIV. Quando o HIV surgiu, não havia cura, mas a pesquisa avançou aos poucos, até que a doença se tornou tratável com medicamentos. A esperança é que, no caso do Alzheimer, ocorra um avanço similar, permitindo que as pessoas vivam mais tempo com qualidade, mesmo com a doença.