O 2º Encontro Internacional de Mulheres Trabalhadoras das Culturas e das Artes começou ontem (24), em Montevidéu. O evento que terminará no domingo (26) tem como objetivo consolidar uma rede internacional de mulheres líderes para desenvolver projetos colaborativos e favorecer a troca de experiências. Participam repersentantes do Brasil, da Argentina, do Chile, da Bolívia, da Colômbia, da Costa Rica, Espanha, do México e Uruguai.
“É importante unir as duas pontas, as artistas e as gestoras. Muitas artistas começam suas carreiras e não têm outra opção a não ser se autogerir. Este encontro oficializa essa conexão e cria um ambiente para a colaboração de projetos entre diferentes países”, explica Sheila Bonino, 43 anos, organizadora do encontro.
Sheila, que também é codiretora da organização Gestoras em Rede (Gestoras en Red, em castelhano) no Uruguai, conta que participou do 1º Encontro, há dois anos, em Santiago do Chile, e acreditou que fazia sentido levar o evento para o seu país.
“Lá (em Santiago do Chile) vimos que os temas que a rede abordava eram fundamentais para seguir tratando aqui. O Uruguai é um país muito rico culturalmente, há muitos artistas de todas as disciplinas, música, dança, teatro, artes cênicas. E quanto à gestão, também viemos nos profissionalizando de uns anos para cá. Começaram a acontecer cursos e oficinas, privados e também na universidade pública. Então vimos que era ideal a realização do 2º encontro aqui”, conta Sheila.
Duas representantes da crescente área de gestão cultural uruguaia são Cinthya Moizo, 36 anos, e Lía Pérez, 29, diretoras do projeto Gestión Cultural UY. “É um projeto em construção permanente, de investigação sobre a profissão, nossas práticas, sonhos e desafios”, explicam.
Elas se dedicam, entre outras atividades, a realizar o Merienda GCUY, um evento para que os trabalhadores da cultura possam conversar e ampliar as redes de colaboração que contribuem com o desenvolvimento de seus projetos.
Cinthya e Lía participam desta edição do Encontro e acreditam que o maior objetivo do evento é “visibilizar o trabalho das mulheres na arte e na cultura, assegurar acessos aos cargos de poder assim como ao desenvolvimento das carreiras artísticas. É necessário reclamar por uma série de políticas e normas que garantam equidade de oportunidades às mulheres. Também é necessário exigir equidade salarial. O que acontece com a arte feminina hoje é que é uma ferramenta a mais de pedido por equidade e visibilidade”, afirmam.
Além da troca de experiências com mulheres de outros países, o encontro propicia o fortalecimento de uma rede internacional de mulheres que buscam caminhos e soluções para as demandas de suas profissões. “É muito importante para que possamos passar essa informação para as outras e conseguir realizar projetos em comum, impulsionar a circulação de projetos entre países”, disse Sheila.
O evento ocupará 4 espaços distintos na cidade de Montevidéu, entre eles o famoso Teatro Solís. Além de uma peça de teatro aberta ao público no início da noite de ontem que inaugurou a abertura do encontro, haverá uma extensa programação durante todo o fim de semana. Algumas atividades são apenas para as mulheres que se credenciaram há também atividades que abertas e gratuitas.
Edição: Valéria Aguiar